
Atualizada às 13h40*
O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) e o Ministério Público do Piauí (MPPI) investigam a morte de um bebê no Hospital Geral do Buenos Aires, que também possui em sua estrutura uma maternidade, na zona Norte de Teresina. A unidade hospitalar sofreu interdição ética – por parte do CRM – a partir desta quinta-feira (1º).
Os órgãos também apuram o atendimento de outro bebê por telemedicina porque no local não tinha médico neonatologista na escala de plantão. A falta de insumos também é denunciado pelos conselheiros.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informou que parte das demandas do CRM-PI já foram atendidas e afirma que até a publicação desta matéria não há registro de mortes de bebê por falta de atendimento adequado.
De acordo com a FMS (veja nota na íntegra ao final da matéria), a morte do bebê citado tratava-se de uma gestação de risco pela prematuridade extrema (24 semanas), e que a mãe não passou por pré-natal.
“Mesmo a maternidade não sendo para tal caso – que devem ser atendidos na Evangelina Rosa – o bebê foi prontamente atendido pela equipe médica e de enfermagem, e não sobreviveu devido à prematuridade”, pontuou a fundação.
O presidente da Fundação Municipal de Saúde, Dr. Gilberto, afirmou que não existem relatos de óbitos causados pelos problemas notificados pelo CRM-PI e os novos pacientes serão realocados para outros hospitais para garantir o atendimento à população durante a interdição ética parcial.
FALTAM MÉDICOS E O ATENDIMENTO POR TELEFONE
A vice-presidente da CRM, Mirian Parentes, comenta que a falta de neonatologista coloca em risco os pacientes. “Eles precisam contratar médicos neonatologistas, precisa contratar mais anestesistas, para a escala ficar completa.
Parentes disse que a prática da telemedicina no local foi descoberta na quarta-feira (30) pelos conselheiros. “Ontem, a gente fez a sétima fiscalização do ano aqui no hospital. A gente vem tentando resolver essa situação desde março, agravada com a falta de soro. A gente não pode ficar nessa situação”.
Sobre o atendimento a um bebê por telemedicina, Parentes comentou: “a médica estava fora, fazendo atendimento de telemedicina, não estava escalada no plantão. A enfermeira – sabendo que não tinha neonatologista no plantão – ligou para essa profissional que deu todas as orientações. Essa criança foi salva com esse atendimento. Em relação a uma criança que faleceu a gente só tomou conhecimento ontem”.
MPPI ACOMPANHA
Eny Marcos Pontes, promotor de Justiça do Ministério Público do Piauí, também acompanhou a interdição ética da unidade hospitalar. “Isso não é novidade na saúde pública da capital. Há dois anos assistimos dificuldades para os profissionais de saúde trabalharem, com falta de insumos, com escalas incompletas, com episódios de falecimento, mas para responsabilizar nós temos que apurar”.
“A notícia de um bebê que foi atendido por telemedicina é insustentável. Uma maternidade tem que ter na sua escala neonatologista para atender pessoalmente esses bebês. Não se faz medicina dessa forma, não se resolve saúde pública dessa forma”, destacou.
FMS ESCLARECE
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) esclarece que o “recém-nascido que veio a óbito na Maternidade do Buenos Aires não foi vítima de negligência por parte da equipe de saúde; tratava-se de uma gestação de risco pela prematuridade extrema (24 semanas), e que a mãe não passou por pré-natal”.
“Mesmo a maternidade não sendo para tal caso – que devem ser atendidos na Evangelina Rosa – o bebê foi prontamente atendido pela equipe médica e de enfermagem, e não sobreviveu devido à prematuridade, caso que teria o mesmo desdobramento independente do local em que fosse atendido”.
PROBLEMAS IDENTIFICADOS PELO CRM-PI NO HOSPITAL BUENOS AIRES:
– ausência frequente de soro fisiológico levando a transferências de pacientes, falta de administração e medicações que dependem da solução;
– tratamento inadequado de pacientes (necessidade de volume para tratamento eficaz sem realização por falta da solução), falta de tubo orotraqueais em estoque tamanho 7.5 e 8.0 (os mais usados em adultos);
– ausência de algumas medicações analgésicas e antibióticos, escala de neonatologia incompleta comprometendo a segurança dos recém-nascidos da maternidade, aparelhos de fototerapia antigos e com baixa eficiência;
– falta de luvas de procedimento em tamanho pequeno e médio, entre outros fatos enumerados no relatório técnico do CRM-PI.
*Atualizara às 13h40 com inclusão da nota enviada pela Fundação Municipal de Saúde
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