
Os estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) apresentaram 23 propostas à Ufpi após ocuparem a reitoria da instituição, no campus Teresina, na terça-feira (31), com o propósito de garantir maior segurança na instituição e cobrar por justiça depois que uma universitária, a Janaína Bezerra, ser estuprada e morta por outro aluno em uma sala de estudos da pós-graduação. As diretrizes foram discutidas em Assembleia Geral.
Além de solicitarem medidas de segurança – como instalação de câmeras de monitoramento e patrulhamento pelo campus, os estudantes também exigem indenização à família da vítima. Eles também solicitaram a construção de um memorial em homenagem à Janaína, além de decretar no calendário acadêmico o dia 28 de janeiro (data em que a estudante foi encontrada morta) como o dia de memória à Janaína da Silva e de combate à violência de gênero dentro da Universidade
Abaixo, confira todas as propostas definidas para melhorar a segurança no campus.
- Indenização à família de Janaína;
- Reabertura do Restaurante Universitário 1 à noite;
- Manutenção/corte de matos e podas;
- Iluminação no Campus Petrônio Portela;
- Criação de Ouvidoria exclusiva para casos de denúncia de assédio;
- Ampliar os horários de abertura dos portões nos centros;
- Mais patrulhamentos de motos, inclusive nas paradas de ônibus;
- Seguranças mulheres;
- Policiamento não-armado;
- Monitoramento por câmeras nos corredores dos Centros, paradas de ônibus, entradas e saídas;
- Rede de combate ao assédio e medidas institucionais;
- Dossiê de denúncias: Janaína da Silva Bezerra;
- Criação do Fórum de Segurança;
- Garantia da segurança dos ocupantes da Reitoria;
- Atendimento de urgência e emergência para estudantes no Hospital Universitário;
- Decretar o dia 28 de janeiro como o dia de memória à Janaína da Silva e combate à violência de gênero dentro da Universidade;
- Memorial físico integralmente custeado pela UFPI em memória à Janaína da Silva no espaço do CCN;
- Jurídico da UFPI entrar com medida protetiva contra Hudson (ex-aluno de Filosofia);
- Interferência em todos os cursos no Campus, com ênfase nos cursos de Exatas, Natureza e Saúde: cursos/projetos de extensão e no currículo;
- Participação paritária/proporcional com estudantes, professores e servidores no plano de segurança;
- Saída do interventor Gildásio por meio de novas eleições, além de responsabilização do mesmo e da administração;
- Chamar a responsabilidade para o Governo do Estado do Piauí;
- Ampliação de todas as frotas de Ônibus, linhas que dão acesso à UFPI e novas linhas saindo de cada bairro para a universidade; aumento da circulação/horário do Fantasmão, com linha vinda de Timon, com integração do transporte das duas cidades e que nesta discussão estejam presentes a UFPI, o SETUT, a STRANS e a Prefeitura de Timon.
Alunas de jornalismo da UFPI relatam insegurança
Ao Portal ClubeNews, algumas estudantes relataram o sentimento de revolta sobre o caso e afirmam não ter condições psicológicas de assistir aulas no momento. A estudante Ana Gabriela Freire comenta que convive com o medo ao precisar andar sozinha pelos corredores da instituição, principalmente durante o período da noite quando reduz a circulação de pessoas.
“Não é de hoje que eu, como aluna, me sinto insegura na UFPI, principalmente com os casos de assédio e assaltos que vem ocorrendo. Agora está mais complicado com a morte de uma colega de curso. As disciplinas que eram da noite são piores porque o CCE (Centro de Ciências da Educação) ficava mais deserto e, às vezes, nós tínhamos que esperar ônibus ou carona até depois do horário”, comenta.
A aluna está sem assistir aula e pede por mais policiamento dentro da instituição. “Infelizmente, no momento, não tenho condições psicológicas de retornar porque ver uma violência dessas acontecendo tão próximo de você é algo que não é fácil para nenhum ser humano lidar”.
Também aluna de Jornalismo, Anastácia Viveiros comenta que a UFPI é um lugar onde não se sente mais segura. “Vou ter que voltar às aulas porque elas têm de acontecer, mas é sempre com medo de assalto, ou que uma pessoa armada queira fazer alguma coisa, é um lugar onde não me sinto segura”, diz.
APOIO PSICOLÓGICO
As manifestações por justiça continuam nesta quarta-feira (1º), a partir das 9h, com uma passeata pelo campus. Às 16h, no auditório do CCE, está marcada uma roda de conversa com o professor Thayro Carvalho, do curso de Psicologia na UFPI.
“Frente a esta tragédia, eu, enquanto professor, ser humano e profissional de psicologia, não poderia me omitir neste processo. Em articulação com a chefia e a coordenação do curso de Comunicação Social, pensamos neste momento de diálogo com os alunos e tentar, de alguma forma, dar um apoio para eles neste processo que é muito delicado, e dizer que eles podem contar conosco”, disse o professor.
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