Nas cores do arco-íris: artista produz objetos para comunidade LGBTQIAP+

O jovem Bruno Ramon faz peças artesanais que enaltecem o amor entre casais do mesmo sexo

Incensário nas cores da bandeira LGBTQIAP+ (Foto: Reprodução/Instagram @b.s.artes)

Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br

O jovem Bruno Ramon deixou o curso de Educação Física para se aventurar no mundo artístico. Aos 24 anos, o rapaz é pintor, desenhista, fotógrafo e produz objetos decorativos no município de Campo Maior (PI), a 84 km de Teresina (PI). Mais que uma fonte de renda, seu trabalho é uma maneira de promover inclusão e visibilidade à comunidade LGBTQIAP+.

Bruno não tem problema em falar sobre sua sexualidade. Assim como todo membro da referida comunidade, ele enfrentou o preconceito e viveu um difícil processo de autoaceitação.

“Eu tinha muito medo de falar às pessoas quem eu sou, mas tive muita sorte de ter uma família e amigos que me acolheram tão bem. Para muitos, essa realidade é diferente e muito dolorosa. Neste caso, o melhor a fazer é nunca desistir, pois todos nós temos o direito de ser felizes”, disse.

Na primeira matéria da série “Nas cores do arco-íris”, o Portal ClubeNews apresenta a história do artesão que transforma madeira em obras de arte, a fim de expressar seu talento e eternizar o amor de casais homoafetivos.

O artista Bruno Ramon produz objetos com temática LGBTQIAP+ (Foto: Arquivo pessoal)

 

COMO TUDO COMEÇOU

Bruno é mais um piauiense que começou a empreender durante a pandemia da Covid-19. Desempregado, o jovem colocou em prática seu talento como pintor e começou a vender placas e telas decorativas na internet.

Para ele, realizar este trabalho artesanal é uma maneira de incentivar as pessoas a não desistirem dos seus sonhos. “Sempre fui muito criativo e tento ver a essência das coisas nos mínimos detalhes. Acredito que realmente eu nasci para ser artista”.

“A mensagem que transmito nos meus trabalhos é a de levar a vida com mais leveza, simplicidade e com respeito ao próximo. Espero que um dia todos possam enxergar que a vida é mais linda quando a gente espalha alegria e amor”, declarou.

NAS CORES DO ARCO-ÍRIS

A criatividade dos produtos fez o empreendedor conquistar muitos clientes, incluindo vários membros da comunidade LGBTQIAP+.

Muitos casais gays e lésbicos entram em contato com Bruno para encomendar placas e quadros decorativos, com o propósito de moldurar o amor nas cores do arco-íris.

“Eles sempre me procuram para fazer objetos pintados que fazem referência à bandeira do arco-íris. É gratificante fazer esses trabalhos, pois eu me sinto acolhido quando alguém da comunidade se interessa pela minha arte”, afirmou.

Quadro feito para um casal de mulheres (Foto: Reprodução/Instagram @b.s.artes)

EMPREENDEDORISMO LGBTQIAP+

Empreender durante a pandemia foi desafiador para o jovem artista, principalmente porque a homofobia ainda está presente na sociedade.

O preconceito se manifesta por olhares, palavras e até pela falta de oportunidades no mercado de trabalho. Para Bruno, as empresas não são acolhedoras com jovens da comunidade LGBTQIAP+.

“As pessoas ainda se preocupam muito em avaliar as aparências em vez da competência e do caráter. Muitos de nós “estamos no armário” por medo de falar sobre nossa sexualidade e, dessa forma, carregamos um sentimento de exclusão”, frisou.

Mesmo diante de situações adversas, ele escancarou o armário para enfrentar a homofobia e transmitir mensagens de tolerância por meio do seu trabalho. Sua coragem resultou em uma forte aliança entre trabalhadores autônomos da comunidade LGBTQIAP+.

“Perdi as contas das vezes que pensei em desistir das vendas, mas o segredo é persistir. Agora, já tenho meus clientes e sinto muito orgulho por ser forte. Além disso, sei que empreendedores autônomos da comunidade estão unidos. Sempre apoiamos e indicamos os trabalhos uns dos outros. É muito gratificante pensar que há pessoas que valorizam e admiram o meu trabalho”, finalizou.

Flâmula produzida para um casal de homens (Foto: Reprodução/Instagram @b.s.artes)

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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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