
Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
A arquiteta Márcia Moraes sempre teve uma conexão muito forte com a natureza e relata que, ao avistar pés de pequi já mortos em uma região da cidade, pediu ajuda para retirar a madeira da mata. A atitude aparentemente irracional de Márcia deu origem a um empreendimento sustentável, que dá vida às estas madeiras por meio da pintura e eterniza uma das árvores mais tradicionais do Piauí.
“O pé de pequi morre após 50 anos, aproximadamente. Então, eu fui com dez homens até a mata e retirei a madeira das árvores mortas. Eu não sabia o porquê, apenas sabia que precisava fazer aquilo. Com o tempo, descobri que o propósito é prolongar a vida das árvores com o artesanato”, pontuou.
A profissional de 47 ano reaproveita as madeiras para fabricar banquinhos, colares, chaveiros e objetos de decoração. Com tinta e pincel, ela desenha e colore os artefatos com muita criatividade, para vender em feiras de empreendedorismo na capital piauiense.
TUDO COMEÇOU EM UM LEITO DE HOSPITAL
Márcia foi internada com Covid-19 há cerca de dois anos, em um dos momentos mais críticos da pandemia em Teresina. Durante o período de recuperação, ela se sentiu entediada e pegou uma coleção de lápis de cor e começou a rabiscar e pintar os primeiros desenhos, cuidadosamente guardados por ela.
Ela se recorda do quanto o período de internação foi angustiante, mas necessário para encontrar uma nova vocação.
“Eu estava enlouquecendo no hospital e pedi para a minha filha, Mickaelle, trazer uma caixa de lápis para eu colorir desenhos. Eu sempre fui muito ativa e ficar sem fazer nada me deixou ansiosa. Neste momento tão complicado, descobri a pintura”, disse.
A arquiteta não se contentou em colorir somente seu caderno de desenhos e fez o teste em uma superfície de madeira, pelo qual percebeu que é possível realizar trabalhos artísticos.
O empreendimento começou em um leito de hospital, mas logo se expandiu quando a profissional retomou a saúde e transformou pintura e o artesanato em fonte de renda.
TRABALHAR EM FAMÍLIA
Márcia conta com a ajuda da filha, a também arquiteta Mickaelle Carvalho, para a produção do artesanato. Enquanto a mãe faz diversos tipos de desenhos, a jovem de 27 anos é responsável pelo trabalho de lettering (arte de desenhar letras).
Segundo a filha, os clientes ficam surpresos ao conhecer a história do empreendimento.
“A nossa arte foi muito bem aceita pelo público. As pessoas ficam surpresas e, ao mesmo tempo, encantada, especialmente porque trabalhamos com a sustentabilidade”, ressaltou.
Mickaelle e Márcia não fizeram cursos de pintura. Elas usam a paixão pela arte e todo o conhecimento adquirido na formação acadêmica para desenvolver o trabalho artesanal.
Além de reaproveitar madeiras, a dupla também começou a colorir peças de cerâmicas, adquiridas no Polo Cerâmico do Poty Velho. O intuito é incentivar o trabalho de outros artesãos e aquecer a economia local.
“Nós compramos esses itens porque é importante valorizar o artesanato local. Adquirir as peças de cerâmica é a melhor maneira de motivar os artesãos do Polo Cerâmico”, afirmou Mickaelle.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto
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