Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
Permanecer nos bastidores do show da vida nunca foi a vocação de Luís Carlos Vale. Bailarino e produtor cultural, ele demonstrou, logo na adolescência, que o seu destino era subir ao palco e encantar a plateia com seu talento.
Da mesma forma aconteceu quando o piauiense compreendeu e aceitou sua orientação sexual: em vez de excluir do roteiro, o profissional teve a ousadia de colocá-la como uma grande personagem de sua história, na qual seu maior antagonista, o preconceito, foi superado por sua imensa vontade de brilhar nos principais centros culturais do Piauí.
O artista afirma que “estar no armário” não é um sinônimo de prisão. Ele também questiona o termo “assumir” ao falar da própria sexualidade. Para Luís Carlos, as expressões deveriam ganhar novos significados, porque ficar recluso nos pensamentos, durante algum tempo, é importante para compreender a sexualidade.
“Eu comecei a entender quem eu sou quando ainda era adolescente. Mesmo quando eu não falava abertamente sobre a minha sexualidade, eu nunca me senti preso. E isso era algo ótimo, visto que transformei o ‘armário’ em um lugar de descobertas e autoconhecimento”, disse.
Nesta quinta-feira (1º), o Portal ClubeNews inicia a série “Fora do armário”, em referência ao mês de junho, considerado o Mês do Orgulho LGBTQIA+ ao redor do mundo.
SEXUALIDADE
Luís Carlos vive em Teresina com seu marido, o alagoano Ricardo Ramirez, com quem é casado há 10 anos. Para conquistar a autoaceitação, o bailarino se permitiu explorar sua sexualidade e contou com o apoio da família e amigos.
Na adolescência, Luís notou que sentia atração afetiva por pessoas do mesmo sexo. Primeiro, ele construiu uma rede de apoio com seus colegas de escola, que lhe mostraram não haver nada de errado com estes sentimentos.
Em seguida, o profissional conversou com a família. A princípio, seus pais ficaram surpresos, mas logo pôde contar com o apoio deles.
“Eu estava vivendo um conflito interno, pois eu sabia que a sociedade não me apoiava. Como meus pais também não tinha tanto conhecimento sobre sexualidade, eles ficaram chocados. Mas essa foi a melhor escolha que fiz, pois, a partir dessa conversa, minha família descobriu, junto comigo, que eu poderia ter uma vida normal, mesmo com uma sexualidade distinta. Isso foi se naturalizando com o passar do tempo”, declarou.
O ESPETÁCULO DA VIDA
Luís Carlos Vale é formado em pedagogia e se tornou um dos mais renomados bailarinos e produtores culturais do Piauí. Ele é presidente da Organização Ponto de Equilíbrio, entidade que desenvolve projetos artísticos em comunidades social e economicamente vulneráveis de Teresina.
Embora tenha protagonizado e dirigido diversas peças teatrais e de dança, o artista acredita que o maior espetáculo é a vida. Por isso, ele busca fazer a diferença na vida de crianças e jovens por meio da arte.
“Eu não escolhi ser artista, foi a arte quem me escolheu e comecei a exercer esse dom como profissão. Sempre tive um campo criativo muito forte e, com ele, eu me tornei artista e posso ajudar outras pessoas”, concluiu.
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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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