Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
O biólogo e gastrólogo George Henrique Reis, 29 anos, não estabelece limites quando se trata de gostar de alguém. Independentemente do gênero ou da orientação sexual, o profissional expressa seu afeto de forma genuína, liberto de estereótipos que reprimem sentimentos e aprisionam a sexualidade no obscuro armário das incertezas.
Em 2013, George descobriu o termo “pansexualidade”, referente à atração sexual e romântica por pessoas, sem considerar o sexo ou a identidade de gênero. Para ele, ser pansexual é estar livre para se conectar física e emocionalmente com mulheres, homens ou humanos não-binários (quem não se considera exclusivamente do gênero masculino ou feminino).
“Antes, era muito difícil e já me considerei estranho, porque eu me sentia atraído por pessoas muito diferentes. Tudo mudou quando conversei com uma amiga sobre o quanto essa situação me deixava confuso e ela me falou sobre a pansexualidade. Estudei o assunto e entendi que não era indeciso, eu apenas não fazia distinção ao gostar das pessoas”, disse.
Na segunda matéria especial da série “Fora do armário”, em comemoração ao mês do orgulho LGBTQIAP+, o Portal ClubeNews conta a história do jovem pansexual George Reis, que, ao escolher a liberdade de ser quem ele é, ensina uma valiosa lição de autorrespeito e revela o quanto a sociedade ainda é intolerante no que diz respeito à sexualidade.
CONVERSA COM A FAMÍLIA
Somente oito anos após descobrir a pansexualidade, o gastrólogo decidiu compartilhar sua intimidade com a família. Felizmente, ele foi acolhido pela mãe e os irmãos.
“Minha irmã desde cedo me abraçou e demonstrou o amor que sente por mim. Meu irmão, o mais sério, me impressionou quando me mandou uma mensagem demostrando todo apoio e proteção. Por fim, minha mãe disse que não precisava ter medo de nada, pois ela só ama incondicionalmente”, pontuou.
Mesmo com esta rede de apoio, George ainda tem receio de sofrer preconceito por parte de outros familiares, visto que nem todos possuem a mente aberta para compreender a diversidade sexual.
“O restante da família sabe que sou pansexual, mas não conversam sobre o assunto, ou por não saber como conversar ou para evitar constrangimento. Ainda sonho em um dia frequentar a roda dos meus primos sem medo de represálias e de forma leve, como ocorria na infância”, explicou.
INTOLERÂNCIA
O biólogo, atualmente, está em um relacionamento homoafetivo. Os familiares mais próximos conhecem seu namorado e apoiam o casal, mas eles não recebem tanta compreensão de outras pessoas, incluindo membros da população LGBTQIAP+. Para ele, ser vítima de intolerância dentro de sua própria comunidade é ainda mais doloroso.
“Parece que não sou heterossexual nem gay o bastante para pertencer a nenhum dos lados. Sempre escuto que eu sou pansexual porque não tive coragem de me assumir homossexual. Comentários como este machucam e nos afasta cada vez mais dos movimentos. Em vez de acolhimento, muitos promovem a opressão”, desabafou.
No entanto, o preconceito não é mais um empecilho à vida de George, que trabalha diariamente para se transformar em um profissional e ser-humano inspirador.
“A pansexualidade ainda sofre muito preconceito, mas isso não me faz baixar a cabeça e sempre digo com orgulho a minha sexualidade. Conforme eu me aceitava, percebia o quão forte sou e quão longe posso chegar, pois sou batalhador e sonho alcançar um patamar em que eu possa inspirar os outros”, finalizou.
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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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