Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
A jovem transgênero Nyx Luane, de 19 anos, é autoconfiante e seu objetivo é se transformar em uma mulher cada vez mais forte e independente. Apesar de ter sofrido muito preconceito – principalmente na escola – ela não se intimidou com as adversidades e teve a ousadia de transcender sua essência feminina.
Com o sonho de se tornar uma superestrela, ela brilha nos bailes da Comunidade Ballroom em Teresina, onde expressa suas habilidades e inspira pessoas LGBTQIAPN+.
O movimento Ballroom surgiu no século XIX, no subúrbio da cidade de Nova York (EUA), com os negros e transexuais cansados de permanecer à margem da sociedade. Como eram impedidos de frequentar os mesmos eventos que os brancos, eles criaram seus próprios bailes para se divertirem livremente em busca de um troféu.
O grupo se expandiu e conquistou pessoas em todo o mundo. Na capital piauiense, os membros se apresentam nos bailes em diversas categorias, como dança, estética e maquiagem. Nyx participa da comunidade há mais de um ano e afirma que a premiação é simbólica, pois o movimento tem um propósito maior.
“Não é apenas sobre o troféu. É sobre a nossa cultura e a resistência de pessoas excluídas por serem diferentes. É um lugar ficamos à vontade para expressar como nos sentimos no cotidiano”, disse.
Nesta matéria especial da série “Fora do armário”, o Portal ClubeNews apresenta a história de coragem da DJ transgênero Nix Luane. Ao notar que o “armário” era pequeno demais para a grandeza do seu esplendor, a jovem tomou coragem e saiu em busca de sua liberdade, pela qual ela supera a intolerância a fim de se transformar em uma mulher inspiradora.
INFÂNCIA E PERÍODO ESCOLAR
Nyx teve uma infância feliz ao lado da família e seu passatempo favorito era brincar com as bonecas de sua irmã, pois ficava fascinada com o rosto perfeito e os cabelos compridos desses brinquedos. Neste período, sua essência feminina já transcendia e seus pais eram muito compreensivos com seu jeito de ser.
“Eles nunca implicaram por causa das bonecas. Pelo contrário, eles ficavam felizes ao me ver feliz. Eu sempre me enxerguei como uma boneca, porque achava elas lindas e eu queria ser muito assim. Lembro também que eu enrolava a toalha na cabeça e imaginava que tinha o cabelo muito grande”, afirmou.
Na escola, a jovem relata que não tinha tantos amigos por sentir dificuldade de se encaixar em círculos sociais. Ela tinha consciência de que era diferente e se sentia culpada por não ser igual às demais crianças. Ela enfrentou a intensa dor de reprimir seus sentimentos para não ser vítima da intolerância, mas Nyx deu um ponto final nessa situação e decidiu enfrentar o preconceito.
“Os meninos ficavam ao meu redor para me agredir verbalmente. Um dia, eu, muito estressada, falei para eles que sairia da escola e que eles só teriam notícias minhas quando eu estivesse brilhando e alcançando meus objetivos”, declarou.
A jovem cumpriu sua promessa. Ela se retirou do colégio e passou por outras instituições de ensino até concluir o ensino médio. Agora, seu maior sonho é seguir a carreira na área da moda.
IDENTIDADE E OBJETIVOS
A partir dos 14 anos, Nyx se considerou uma pessoa não-binária (que não se identifica somente com o gênero masculino ou feminino), mas tudo mudou no primeiro semestre de 2021, quando compreendeu que se identificava como uma mulher e estava disposta a não mais reprimir sua feminilidade. Para a família, ela expôs sua identidade de forma gradativa.
“Foi um processo lento eu me entender como LGBT e levar isso aos meus familiares. No começo, houve muitas discussões e isso ainda me afeta um pouco. Mesmo assim, sigo sendo sempre eu mesma”, pontuou.
Ao ingressar na Comunidade Ballroom, a jovem começou a trabalhar em uma boate da cidade, onde atua como recepcionista, DJ e performer. O movimento proporcionou grandes mudanças na vida dela.
Nyx se considera uma guerreira, por lutar contra o preconceito para ser quem ela é. Sua principal meta é ter uma voz cada vez mais ativa na comunidade LGBTQIAPN+.
“Eu quero brilhar, mesmo sabendo que muita gente não quer que isso aconteça. Mas, quando luto por este objetivo, sei que estou representando muitas vozes caladas pela intolerância”, concluiu.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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