Mês do Orgulho LGBTQIAPN+: escritor usa literatura para promover inclusão

O escritor Ítalo Damasceno, de 39 anos, usa a literatura e a cultura para abordar temáticas LGBTQIAPN+

Ítalo Damasceno é escritor e fala abertamente sobre sua sexualidade (Foto: Júnior Andrade)

Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br

Desde a infância, o escritor teresinense Ítalo Damasceno acredita no poder da Educação como instrumento de transformação social e política. E, foi por meio desse poder transformador, que ele compreendeu melhor a própria sexualidade.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), o profissional de 39 anos reuniu, durante sua vida acadêmica, o conhecimento indispensável ao enfrentamento do preconceito e à inclusão da comunidade LGBTQIAPN+, de modo que a literatura é seu maior recurso para conquistar este propósito.

Ítalo também é roteirista e já foi premiado por sua coluna LGBT em um site do Distrito Federal. Ele relata que descobriu ser homossexual aos 18 anos e contou com o apoio de profissionais após contar à sua família. Além disso, o escritor acredita no aprendizado como principal fator para enfrentar a intolerância contra a pessoas LGBTQIAPN+.

“Eu era aquela criança na escola que todos diziam ser gay, mas ainda era cedo demais para eu entender isso. Quando eu tinha 18, entendi que isso era verdade e contei aos meus pais algum tempo depois. Apesar de não ter sido uma situação fácil, eles compreenderam. Muitas pessoas não reagem bem quando um LGBT expõe sua condição sexual, mas creio que até mesmo os preconceituosos podem aprender e evoluir”, disse.

O Portal ClubeNews apresenta, por meio da série “Fora do armário”, a ilustre trajetória de Ítalo Damasceno, Bacharel em Direito, escritor, roteirista, colunista e militante da população LGBTQIAPN+. Veja como ele tornou os livros, principal refúgio de sua sexualidade, em um poderoso meio de libertação e inclusão desta comunidade.

O DIVISOR DE ÁGUAS

O fator mais determinante para Ítalo usar seu dom da escrita para dar voz à referida população foi sua mudança para Brasília, capital federal, em 2011. Além de ter contato com vários militantes dos Direitos LGBTQIAPN+, ele também relata que se permitiu viver sua sexualidade.

Tudo isso despertou, no escritor, o interesse de se tornar um ativista. Seu talento logo foi descoberto pelo portal brasiliense Metrópoles e, em 2017, recebeu o prêmio Beijo Livre de Direitos Humanos LGBT.

“Em 2013, quando os Estados Unidos aprovaram o casamento igualitário, eu me lembro que muitas pessoas, para comemorar a decisão, usaram filtro de arco-íris nas redes sociais aqui no Brasil. Após eu escrever um texto sobre este assunto, fui convidado pelo portal para escrever a coluna Vozes LGBT, na qual escrevi durante 4 anos”, pontuou.

O escritor abordou vários temas, como homofobia e cultura pop. Esta experiência foi imprescindível para ele continuar seu trabalho por meio da literatura.

O escritor Ítalo Damasceno foi premiado por escrever uma coluna LGBT em um site brasiliense (Foto: Júnior Andrade)

LITERATURA E CINEMA

De volta a Teresina, Ítalo começou sua carreira de escritor, pela qual já produziu histórias em quadrinhos e publicou contos LGBTs, além de outros dois livros lançados durante a pandemia da Covid-19. Constantemente, ele é convidado para integrar feiras literárias, nas quais aborda a temática.

Para ele, a literatura é indispensável à promoção e conscientização dos direitos da comunidade. “A temática LGBTQIAPN+ está inclusa nas minhas obras, que podem ser lidas por pessoas a partir de 10 anos, independentemente da sexualidade”.

“Meu primeiro livro foi lançado como e-book e, parte do que foi arrecadado, doei a uma instituição que comprou cestas básicas para distribuir às pessoas necessitadas desta população. Foi uma forma de ajudar a comunidade de uma forma mais direta”, frisou.

O escritor também foi roteirista de um filme LGBT “Hortelã”, gravado na capital durante a pandemia. Ítalo afirma que a produção foi exibida em cerca de 25 festivais nacionais e internacionais de cinema.

Dessa forma, o profissional reforça seu compromisso de recorrer à cultura para garantir visibilidade às pessoas LGBTQIAPN+.

“As maiores oportunidades que tive nos planos profissional e cultural foram relacionadas a este tema. A literatura, assim como a cultura, que envolve cinema, teatro, música e outros setores, são meus principais campos de trabalho em prol da comunidade a que pertenço”, concluiu.

Além de escritor, ele é colunista e ativista (Foto enviada por Ítalo Damasceno)

*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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