Mês Orgulho LGBTQIAPN+: homem trans idealiza coletivo de combate à transfobia no Piauí

Grax Medina é homem trans mexicano naturalizado brasileiro e coordenador do projeto "Coletivo 086"

Grax Medina nasceu no México, mas se naturalizou brasileiro (Foto: reprodução/redes sociais)

Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br

O coordenador do projeto “Coletivo 086”, Grax Medina, promove visibilidade à população transgênero no Piauí. Mexicano naturalizado brasileiro, o ativista de 34 anos reside há cerca de 12 anos no Brasil, onde teve maior contato com a comunidade LGBTQIAPN+ e realizou sua transição de gênero.

Homem trans, Grax Medina também relata ser vítima de transfobia e xenofobia, o que evidencia o quanto o preconceito é impetuoso na sociedade. Ele ingressou na militância LGBTQIAPN+ em 2015, período no qual descobriu que sua identidade de gênero é masculina.

Dois anos depois dessa descoberta, ele, junto a um grupo de homens trans, criou uma associação transmasculina em Teresina, a fim de promover o respeito e a inclusão a esta comunidade.

Até a fundação do “Coletivo 086” – ocorrida em 2020, a partir da produção e exibição do documentário “Transdoc” -, o coordenador enfrentou discriminações em função de sua transgeneridade e identidade cultural. Grax afirma que até alguns membros da população trans demonstraram intolerância.

Na última matéria especial em honra ao mês do orgulho LGBTQIAPN+, o Portal ClubeNews narra a trajetória do ativista e comunicador Grax Medina. Embora tenha encarado situações adversas, ele nunca aprisionou seu anseio de lutar por uma sociedade livre do preconceito e dar voz às vítimas de transfobia.

FORA DO ARMÁRIO (DUAS VEZES)

Desde a infância, Grax nunca se identificou como mulher e se assumiu, a princípio, como lésbica, quando ainda morava no México. Sob o gênero feminino, Grax venceu um concurso de Miss em sua terra natal, em 2010.

Somente nos anos 2000, ao ingressar na universidade, o mexicano tomou conhecimento da existência de pessoas trans e, em 2011, ao chegar em território brasileiro, teve mais contato com esta população. Seis anos depois, ele iniciou seu procedimento de transição de gênero e se revelou um homem trans.

Grax declara que a dupla saída do armário foi um processo gradativo, no qual contou com o apoio da família, especialmente da sua avó.

“Geralmente, pessoas trans saem duas vezes do armário. A primeira diz respeito à sexualidade e, conforme compreendemos quem somos, percebemos não haver identificação com nosso gênero de nascença. Este foi o meu caso, pois eu me assumi como lésbica e, somente anos depois, virei um homem trans. Quando isso aconteceu, minha mãe ficou seis meses sem falar comigo, mas aos poucos ela entendeu, enquanto a minha avó sempre ofereceu apoio incondicional a mim. Ela é minha segunda mãe”, pontuou.

Grax Medina fundou o projeto Coletivo 086 (Foto: reprodução/redes sociais)

COLETIVO 086 E OUTROS PROJETOS

Formado em Ciências da Comunicação e Marketing, Medina elaborou o documentário “Transdoc” em 2020, em homenagem ao Dia da Visibilidade Trans, comemorado em 29 de janeiro. Na época, a gravação foi realizada na sala de sua casa, onde várias pessoas trans contaram suas histórias de vida.

Surgiu, então, o projeto “Coletivo 086”, para reivindicar direitos e políticas públicas a esta comunidade. Atualmente, Grax trabalha e mora em Belo Horizonte (MG), de onde coordena o projeto e participa de outras organizações.

“Realizamos várias campanhas, dentre as quais, a prevenção ao câncer de mama. Nem mesmo a pandemia (da Covid) atrapalhou a nossa militância, pois sabemos que o preconceito não dá trégua. Fizemos, também, dois congressos online sobre subjetividade trans e promovemos o primeiro censo de transmasculinidades do Piauí”, frisou.

Seu propósito é implementar mais congressos e outros movimentos para garantir maior destaque à população trans no Piauí.

“Minha militância em prol da comunidade é pessoal. Tento ajudar as organizações em Teresina e as que estou conhecendo em BH. Atualmente, eu também sou membro da Liga Transmasculina João Nery e sempre participo de cursos e congressos com a temática LGBT, iniciativas que estou tentando implantar no Piauí, mesmo à distância”, concluiu.

O projeto Coletivo 086 surgiu a partir de um documentário (Foto: reprodução/redes sociais)

*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso

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