9 de junho de 2025

“Quando fecho os olhos, só escuto o grito da minha filha dizendo que ia morrer” diz mãe de menina baleada por PM’s

Malu Barreto

Publicado em 28/08/2023 22:07

Compartilhe:

Carro da família Conrado, baleado por policiais à paisana (Foto: Arquivo pessoal)

Malu Barreto
malubarretoo@tvclube.com.br

“Quando eu fecho meus olhos, é como se eu tivesse vivendo tudo de novo, eu só escuto o grito da minha filha dizendo que ia morrer, que tinha pegado um tiro”, contou Raimunda Conrado, mãe da menina baleada por policiais militares do Maranhão, à paisana, na madrugada de sábado (26), no bairro Dirceu, zona  Sudeste de Teresina.

G.C de 12 anos, foi atingida com um tiro na barriga, segundo a mãe, o projetil atingiu três áreas do intestino grosso e a menina, acabou perdendo parte do órgão. Ela passou por cirurgia e continua internada no Hospital de Urgência de Teresina. Seu quadro de saúde é estável, mas de acordo com Raimunda, a filha está muito abalada e terá uma recuperação difícil.

Ainda nervosa com o ocorrido, a mãe agradeceu a Deus pelo livramento “Foram dez tiros de fuzil, não era para nós estarmos vivos”, disse.

Raimunda, o esposo, Sérgio Conrado e a filha G.C, estavam em um veículo Siena de cor prata, trafegando pela Av. José Francisco de Almeida Neto, próximo ao cruzamento da entrada do bairro Dirceu, quando, segundo eles, foram surpreendidos por um veículo branco, com homens de balaclave e fuzis.

Ao pensar que era um assalto, Sérgio teria acelerado o carro, foi quando ouviram os disparos. De acordo com a família, a perícia contabilizou 10 marcas de tiros no veículo. Raimunda, disse que a filha, que estava no banco de trás, percebeu a presença do carro descaracterizado, onde estavam os policiais sem fardas e gritou para os pais.

“A minha filha viu quando ele [o carro] estava se aproximando, com homens encapuzados, com as armas muito grandes, e aí ela se apavorou dizendo que era assalto. No que ela gritou, a reação do meu esposo foi arrancar dali né, pois no momento eu pensava que era com o carro do lado, porque tinha um carro do lado da gente, mas aí no que o meu esposo arrancou com o carro, eles começaram a atirar contra nós, com fuzil”, narrou a mãe da menina.

Na tarde desta segunda-feira (28), a família esteve no 1º Batalhão da Polícia Militar de Timon, e contou que o comandante lamentou o ocorrido e pediu desculpas. O processo disciplinar foi instaurado pela Corregedoria da Polícia Militar em São Luís.

Alberto Júnior, advogado da família Conrado, relatou à equipe do Portal ClubeNews, que no carro haviam três militares e que o inquérito que está sendo feito no Departamento Homicídios e Proteção à Pessoa, em Teresina. Ele disse, ainda, que os PM’s estavam à procura dos assassinos do sargento Carvalho Júnior, morto na sexta-feira (26).

“Foi uma de barbaridade, uma verdadeira chacina contra uma família que são trabalhadores. Eles estavam fazendo uma caça aos assassinos do policial militar que foi morto, se eu não me engano no mesmo dia. E a informação que eles tinham é de que ele estavam em um carro prata, na região do Dirceu, somente isso”.

O advogado afirmou que a família espera que seja feita realmente justiça, e que estão estudando entrar com um processo, tanto na esfera cível quanto na criminal.  “Nós queremos que eles sejam responsabilizados”.

 

MATÉRIA RELACIONADA

Irmã da cantora Aline Conrado é baleada por policiais à paisana em Teresina

Sargento da Polícia Militar é morto a tiros dentro de carro, na avenida Barão de Gurgueia

Leia também: