
Malu Barreto e Pedro Lima
malubarreto@tvclube.com.br
Claudia Gomes, mãe de uma aluna vítima do acidente com ônibus escolar em José de Freitas, relatou sobre o excesso de velocidade do motorista do transporte, que levava em torno de 30 alunos, da Escola Municipal José Amado de Oliveira, nesta quinta-feira (14) “Minha filha sempre reclamava que ele andava em alta velocidade, parece que estava carregando animal”.
Muito abalada, Claudia, que é moradora do Boqueirão dos Craveiros disse que o acidente foi uma tragédia anunciada.
“Minha filha reclamou. Não foi nem só uma e nem duas vezes. No domingo, a gente foi para um evento e a gente fez o mesmo percurso do ônibus. Ela chegou para mim e falou assim, mãe, esse caminho era ruim, o motorista faltava matar a gente. Imagine uma estrada reformada dessa, ele vai terminar matando todo mundo. E olha o que aconteceu. Uma tragédia sem limites que nunca vai ser esquecida. Eu estou aqui arrasada pela mãe da aluna que se foi, pela aluna que se foi, que é minha vizinha”.
A filha de Claudia, Ana Clara Gomes de Oliveira, foi transferida para o Hospital de Urgência de Teresina. A diretora do Hospital Nossa Senhora do Livramento, Laís Ribeiro, informou que a menina está estável e consciente.
“Minha filha poderia estar lá em casa, numa boa, ou estar na escola, se tivesse um motorista de responsabilidades. Tenho um sentimento de revolta. Hoje minha filha, falou assim, [-mãe, acho que eu não vou para o colégio] eu falei assim, vai minha filha, para a escola. Olha aí, onde era que eu não poderia estar com a minha filha essa hora, morta por falta de responsabilidade”, desabafou Claudia.
Francisco das Chagas Costa Araújo, pai de um adolescente de 15 anos, também vítima do grave acidente, fez a mesma queixa da mãe de Ana Clara.
O homem disse que ele e a esposa já tinham observado a alta velocidade do ônibus e que ainda na quarta-feira (13), a mulher teria comentado sobre o assunto. “Como eu trabalho no município, minha esposa disse que se ainda acontecer o que ela tinha visto ontem (13), ia denunciar esse motorista para a Prefeitura, porque ele é uma pessoa que sempre anda na velocidade”.
O pai descreveu que em um dos casos, devido ao excesso de velocidade, o motorista teria passado da casa de uma criança. “Hoje pela manhã, ele deixou uma criança a quatro metros de casa. Ele sabia onde a criança morava. Já era costume. Como a estrada deu uma melhorada, ele deve ter se afoitado mais um pouco em alta velocidade, mas ele já tinha essas queixas, já tinha conhecimento”, contou Francisco das Chagas.
O motorista do ônibus, que não teve a identidade revelada, se apresentou voluntariamente na Delegacia de Polícia Civil de José de Freitas para o registro do Boletim de Ocorrência. Segundo o delegado André Moreno, o caso não se classifica para a expedição de prisão em flagrante.
“A perícia e o IML foram acionados para a gente fazer o procedimento, e a partir de agora, vamos ouvir todos os envolvidos, tentar apurar o que aconteceu para saber se teve crime de fato ou se foi apenas um acidente”, esclareceu o delegado.
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