Família cozinha ossos em fogareiro sem poder comprar carne e gás em Teresina

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre julho de 2020 e julho de 2021, o preço do gás aumentou 29,44%. Segundo a Petrobras, os reajustes estão atrelados a dois fatores: o dólar e a cotação internacional do petróleo.

Para a dona de casa Valdeci Ribeiro, o botijão de gás se tornou um utensílio de luxo. Na calçada de casa, com madeiras encontradas nas ruas de Teresina, ela fez um fogareiro para preparar a pequena quantidade de comida disponível na residência.

“Não estou tendo condição de comprar gás. Feijão, uns ossinhos a gente compra. Ninguém pode comprar carne, as coisas estão todas caras”, lamentou a dona de casa.

Segundo o presidente do Sindicato dos Revendedores de Gás, Valtercides Filho, as alterações de valores são inevitáveis por conta do reajuste de preço de produtos como o combustível.

“Muito desses aumentos o empreendedor tentou segurar para que não perdesse as vendas. Mas infelizmente chegou um ponto que nós, revendedores, temos que passar. Porque tudo tá aumentando, combustível, pneu, não só o gás”, disse o presidente.

Em entrevista à TV Clube, o vendedor de fogareiros Antônio da Silva relatou que o item estava esquecido quando voltou a ser procurado como uma alternativa ao botijão de gás.

“O pessoal passa, pergunta quanto é o fogareiro, outros passam comentando ‘ah vou comprar um fogareiro para mim porque o gás está caro, vou optar por usar o carvão, está mais em conta’”, contou.

A dona de casa Olinda dos Santos, que vive com filhos e netos, sente o peso do alto valor do gás no orçamento da família e tem esperança de que o cenário mude.

“Quando eu ganho o’ bujão’, a pessoa enche e me dá eu cozinho. Agora já vai fazer um mês que ele acabou. Crise tá grande, tem dia que tenho vontade de comer uma melancia, chupar uma laranja, comer essas coisas, mas não tenho condição de comprar. Pode ser que meu gás chegue ou pelo menos, encha. Se encher, agradeço muito”, relatou.