Muitos de nós nos questionamos em relação a deixar tudo para o último momento, isso tem um sentido e fundamento. Temos vontade de ter sucesso, mas temos medo de falhar. Nossas defesas criam uma barreira que dificulta nossa ação e por vezes pode atrapalhar na execução de tarefas que tem grande importância na nossa vida.
Outro grande obstáculo é o nosso desejo por uma excelente performance. Acreditamos que nossa performance diz muito de nós e do nosso próprio valor, por isso temos a dificuldade de agir, com medo de não conseguirmos executar a ação corretamente. Procrastinar se torna uma auto-proteção!
Procrastinar é normal. Não é uma falha de caráter ou um problema clínico. Mas muitas vezes pode ser um sinal de estresse. Quando evitamos algo, pode ser porque antecipamos sentir algo que não queremos sentir. Isso pode ser estresse, medo ou até́ tédio. A procrastinação pode surgir ainda mais quando o perfeccionismo e o medo do fracasso fazem parte da equação.
Quando percebemos que estamos procrastinando, refletir sobre o motivo disso é o primeiro passo crucial para lidar com isso. Uma vez que sabemos o que estamos evitando, podemos fazer uma escolha mais informada sobre nossas ações, em vez de basear nossas ações em como nos sentimos agora.
Pesquisadores tem apontado um aumento na população geral de 15% a 20% de indivíduos adultos sofrem cronicamente da procrastinação. Considerando o resultado das observações clínicas e dos estudos empíricos sobre o tema, é possível perceber que crenças sobre si e sobre a tarefa estão relacionadas à dificuldade de modificar os comportamentos procrastinatórios.
Lidar com a procrastinação tem sido algo bastante estudado por diferentes abordagens terapêuticas em TCC (TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL) têm se interessado pelo tema, como é o caso da terapia racional emotiva e da terapia de atenção plena (mindfulness).
Outras abordagens em TCC também podem ser úteis tanto para auxiliar a formulação do caso como para o tratamento em si dos procrastinadores, como a terapia do esquema, proposta por Jeffrey Young (Young, Klosko, & Weishaar, 2008). Na primeira situação, entender qual esquema desadaptativo está associado à procrastinação pode ajudar a visualizar os funcionamentos cognitivo, emocional e comportamental do paciente. Em seguida, o tratamento baseado em esquemas pode ser útil por agregar técnicas experienciais e interpessoais às cognitivo-comportamentais, enfatizando uma confrontação mais ativa de padrões rígidos de funcionamento (McGinn & Young, 1996).
Por fim, a procrastinação é um comportamento que tem prevalência relativamente alta em alguns países, no entanto, estudos brasileiros sobre o tema são escassos. Compreender como a procrastinação ocorre entre brasileiros pode ser promissor; inclusive, Hamasaki e Kerbauy (2001) encontraram, entre as justificativas para adiar tarefas, o fato de ser brasileiro. Logo, a procrastinação seria uma estratégia valorizada pelos brasileiros? Estudos que enfatizem o poder da cultura sobre a procrastinação podem produzir resultados igualmente interessantes.