
O corpo do piauiense Geraldo Martins de Medeiros Júnior, 55 anos, que pilotava o avião que caiu com a cantora Marília Mendonça, na serra de Caratinga-MG, na última sexta-feira (4), foi sepultado neste domingo, no cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
A esposa de Geraldo, Euda Dias, informou que a intenção da família era que o corpo fosse cremado em Brasília e as cinzas levadas para Floriano-PI, cidade onde o piloto nasceu. Mas os familiares desistiram de atender ao desejo de Geraldo por conta da burocracia. Em caso de mortes violentas, como em acidente aéreo, é necessário autorização da justiça para cremar um corpo.
“Ele era uma pessoa simples, voava para muitas celebridades, mas não era deslumbrado. Ele largava qualquer coisa para fazer um voo”, declarou Euda.
O irmão do piloto, Helder de Medeiros, que mora em Floriano, também falou do amor de Geraldo pela aviação. “Infelizmente ele morreu fazendo o que gostava”, afirmou. Helder contou ainda que Geraldo teve um papel importante durante a pandemia. “Quando estava faltando oxigênio em Manaus, aquela coisa toda, ele pôde participar transportando insumos, vacinas, pacientes e até familiares das vítimas”.
Férias adiadas
Geraldo de Medeiros trabalhava para a empresa PEC Táxi Aéreo, dona do avião fretado pela equipe de Marília Mendonça para levar a cantora até Caratinga. De acordo com informações de familiares, era para o piloto estar de férias neste mês de novembro.
“Como houve o afastamento de outros pilotos, ele foi convidado e aceitou protelar as férias para o mês de Janeiro”, revelou o primo Honorato Drummond.
Pai amado
Geraldo deixou mulher e três filhos. A filha mais velha, Vitória de Medeiros, disse que o pai estava bem nos últimos dias e não reclamava de cansaço físico. “Ele estava bem, ele amava o que fazia”, afirmou.
Emocionada, Vitória contou das vezes que já voou com o pai e do quanto ele tinha experiência. “O que fica do meu pai é muita bondade, muito respeito, muito carinho e proteção. Ele amava proteger todas as pessoas, não só as que ele conhecia e tinha carinho. Meu pai foi tudo de bom”.
Pouso difícil
Em entrevista ao Fantástico, da Rede Globo, o piloto Gabriel Faria, que já pousou mais de 100 vezes na pista onde o avião de Marília Mendonça deveria ter aterrissado, afirmou que as condições geográficas da região podem ter contribuído para o acidente.
“Para visualizar o fio em voo é difícil, não é fácil. É um aeroporto que por ter vários obstáculos, ficar dentro de um vale, há serra dos dois lados, mesmo sendo um piloto acostumado com essas anormalidades, é um aeroporto que tem uma certa dificuldade para operar”, declarou.
Em nota a empresa PEC Taxi Aéreo afirmou que “a tripulação tinha grande experiência de voo e estava com todos os treinamentos atualizados” e se colocou à disposição das autoridades nas investigações do acidente.