8 de junho de 2025

Queda no rendimento do trabalho e perspectivas para o pós pandemia

João Victor

Publicado em 21/11/2021 11:00

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A crise provocada pela pandemia da Covid-19 impactou gravemente sobre a economia piauiense no ano de 2020, já inserida em um contexto de crise nos últimos anos. A dificuldade de manutenção das empresas e do emprego em meio à necessidade de isolamento social, somadas á dificuldade de acesso ao crédito para micro e pequenos empreendimentos, implicaram na redução da massa de rendimentos do trabalho no estado, e no aumento de fontes de renda relacionadas a políticas sociais e de transferência de renda. Com o fim do auxílio emergencial, incertezas em relação ao Auxílio Brasil e dificuldades de manutenção de pequenas empresas, o que se esperar para o pós pandemia?

A publicação da Pnad Contínua do último dia 19 revela uma queda de 11,9% da população piauiense com renda a partir do próprio trabalho, o que é reflexo direto do desemprego e da informalidade. Por outro lado, duas em cada cinco famílias piauienses passaram a depender diretamente de transferências oriundas do Auxílio Emergencial, em compensação a redução de praticamente metade das famílias beneficiárias do Bolsa Família. Estes dados indicam a evolução da pobreza e fragilidade socioeconômica do Estado, com forte dependência nacional em meio à pandemia.

Porém, mesmo que não tenhamos ainda a publicação referente ao ano de 2021, a ser publicada somente em 2022, é possível notar algumas persistências deste problema, o que aponta perspectivas para o período pós pandemia. Apesar dos avanços, tardios, da vacinação, as pequenas e médias empresas no Estado apresentam grande dificuldade para persistir em meio ao cenário de crise e demanda restrita. Se considerarmos que são estas as principais geradoras de emprego, é plausível supor que os rendimentos provenientes do trabalho para 2021 serão ainda muito baixos se comparados ao padrão piauiense, apesar de logicamente superiores a 2020.

A dificuldade de retomada do emprego formal é agravada pela expansão da informalidade e pelas incertezas no mercado de trabalho. As reformas institucionais de 2017 se demonstraram incapazes de elevar a empregabilidade no país, principalmente nos estados mais pobres, e tem predominado o fenômeno da uberização e precarização do trabalho e níveis de renda. O Auxílio Emergencial, fundamental para redução da miséria social em meio à pandemia, chega ao fim diante da incerteza da manutenção do Bolsa Família e institucionalização do Auxílio Brasil.

Esta proposta do Governo Federal promete o pagamento de R$ 400,00 reais aos beneficiários, porém vai atender pouco mais da metade dos beneficiários do Bolsa Família, e com prazo garantido somente até o fim de 2022, ano eleitoral. Ou seja, milhões de brasileiros tendem a afundar-se na pobreza mesmo no pós pandemia, pois, sem empregos formais e políticas adequadas de transferência de renda, sob um contexto de crise e incertezas políticas, devem carregar as marcas da pandemia por ainda um bom tempo. Nos resta aguardar as informações referentes ao ano de 2021e buscar soluções de longo prazo para os nossos erros diante da Covid-19, com mais sensibilidade sobre a pobreza do povo brasileiro e piauiense.

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