Incerteza, revolta e medo são os sentimentos de quem precisa receber medicação da Farmácia do Povo

Além de portadores de diabetes outras pessoas com doenças crônicas esperam por medicação

 

Insulinas Lantus e Apidra (Foto: Portal Clubenews)

Malu Barreto
malubarreto@tvclube.com.br

Julianna Menezes gasta cerca de R$ 860 por mês com insulina para os dois filhos portadores de diabetes tipo 1. A professora Teresa Cristina também tem dois filhos portadores de diabetes, seu gasto mensal com a medicação além de caixa de tiras e agulhas chega a quase R$ 1.400.

Com 64 anos, Raimundo Barbosa é diabético e também passou por um transplante nos rins, e neste mês de dezembro, gastou R$ 240 com insulina. No início deste ano, a medicação usada por ele por ser doente renal crônico foi recebida por meio de doação da Associação em que ele é integrante.

O pai da Jéssica, Erivaldo Carvalho é portador de leucemia crônica e este mês ele não recebeu sua medicação, que custa em média R$ 2.300.

Todas essas pessoas deveriam receber essa medicação da Farmácia do Povo do Piauí, mas vem sofrendo com o descaso do poder público em relação a regularidade desta entrega. Além de diabéticos e pacientes com câncer, transplantados, pessoas com doença renais crônicas, com anemia falciforme, com esclerose múltipla, todas aguardam medicamentos essenciais para a manutenção da vida.

“A gente tem uma revolta muito grande, porque é uma medicação que meus filhos e tantas outras pessoas dependem, mas um mês a gente pode receber, outro mês não. Eu ainda moro em Parnaíba e ainda tenho o gasto para alguém ir na Farmácia do Povo pegar para mim”, disse Teresa.

Com uma realidade bastante parecida com a de Teresa, Julianna compartilha da mesma revolta. “Todos os meses a gente fica aperreada com esse gasto e para quem recebe um salário mínimo, como fica? Eu ainda consigo arcar esse custo, mas quem não pode? A vida de muita gente depende disso”.

Raimundo Barbosa deveria ter recebido a insulina no último dia 09, o que não aconteceu e deram a previsão de recebimento pro dia 21 de janeiro de 2022. ” A medicação dos rins eu recebi, mas a da diabetes não, esse mês de dezembro e o próximo eu vou ter que comprar”, relatou.

Jéssica que também está passando por essa incerteza contou que liga diariamente para saber se há previsão da chegada do remédio para o pai. “Estamos ligando diariamente, mas ainda não há uma previsão dada pelo São Marcos e também ainda não temos informações da Secretaria de Saúde a respeito da distribuição”.

Além de Erivaldo Carvalho, 131 pessoas estão sem medicação para o tratamento de câncer em Teresina.

 

Falta de regularidade na entrega preocupa quem precisa

Publicação nas redes sociais da Adip sobre o encontro com o secretário de saúde Florentino Neto- (Reprodução Redes Sociais)

Uma das representantes da Associação de Diabéticos do Piauí – Adip, Jeane Melo, postou recentemente nas redes sociais da associação sua exaustão em receber promessas que não são cumpridas da Secretaria de Saúde do Estado (Sesapi).

Jeane relatou quem no dia 12 de outubro esteve com o secretário Florentino Neto e que o secretário apresentou um “plano paliativo” para gerar a aquisição de fármacos de forma mais rápida, onde através de decreto, o Governo do Estado autorizava repasse de 250 mil reais para a Farmácia do Povo adquirir, de forma emergencial, alguns medicamentos diretamente das farmácias locais além de uma autorização do credenciamento de fornecedores para um processo de “licitação simples”, mas que dois meses depois, nada mudou

“O decreto foi publicado, mas o resultado disso não foi percebido por quem deveria ser assistido de forma contínua. Não sei realmente como foi o desdobramento interno, só sei te dizer que alguns poucos medicamentos chegaram no estoque e acabaram até 24 horas após a declaração do reabastecimento”, explicou.

Jeane disse ainda que quase todos os medicamentos estão em falta e, mesmo que voltem ao estoque, o temor de quem precisa dos remédios irá continuar. “Uma hora eles acabam e ficamos na escassez”

A representante da associação declarou que em sua percepção, a falta de medicamentos foi banalizada. “Os gestores nunca mantiveram o estoque em dia e se conformam em dar justificativas: pregões fracassados, burocracias que fazem parte da própria gestão, falha na entrega dos fornecedores que por outro lado muitas vezes argumentam que não estão sendo pagos pelo Estado. Tudo isso afeta quem precisa e não pode esperar”, finalizou.

 

Farmácia do Povo não tem previsão de entrega

Sobre a distribuição da medicação do tratamento de câncer, a Farmácia do Povo afirmou que o financiamento, aquisição e logística para entrega dos medicamentos para oncologia é de competência do Ministério da Saúde e não da Diretoria da Assistência Farmacêutica do Piauí.

“As unidades referências na assistência oncológica, Unacon e Cacon, informam à Diretoria o quantitativo de medicamentos por trimestre, que, por sua vez, consolida os dados e informa ao Ministério a demanda de cada unidade”, explicou Graciene Nazareno.

Sobre a medicação para o tratamento de portadores de diabetes, o portal Clubenews aguarda uma resposta do órgão.

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