
Malu Barreto
malubarreto@tvclube.com.br
O pesquisador de saúde da Universidade Federal do Piauí, Emídio Matos, participou do novo boletim da Fiocruz Nacional abordando os impactos do apagão de dados nos sistemas de informação em saúde do Ministério da Saúde nas pesquisas do estado.
De acordo com o pesquisador desde o início da pandemia, o Piauí se baseia nas informações e no conhecimento produzido a partir dos dados epidemiológicos para a tomada de decisões e elaboração de política públicas para o enfretamento da crise sanitária e que estes dados são apresentados para o Comitê de Operações Emergenciais do estado (COE-PI), com as recomendações sobre as ações que devem ser tomadas para mitigar a pandemia.
“Com o apagão dos dados no sistema de informação em saúde no país, as informações ficaram limitadas trazendo prejuízos para os gestores públicos, pois sem novos dados e com as inúmeras incertezas geradas pela nova variante Ômicron, não foi possível fazer um planejamento para as festas de final de ano e carnaval”, evidenciou Emídio.
O pesquisador diz que “foram 13 dias às escuras”, quanto aos dados de novos casos da doença no Piauí.
“Os testes de farmácia são registrados direto no sistema do Ministério da Saúde, quantos casos deram positivo nos últimos dias? Não sabemos. Então não podemos afirmar se há redução ou aumento de casos”, finalizou.
Desafios para 2022
No novo boletim divulgado pela Fiocruz, a instituição ressaltou que o Brasil está terminando o ano de 2021 com mais de 600 mil óbitos e de 22 milhões de casos registrados por Covid-19, sendo um dos epicentros da pandemia no mundo.
A Fiocruz destacou ainda que o país enfrentará três grandes desafios para o enfrentamento da pandemia em 2022. O primeiro relacionado às incertezas que caracterizam o cenário.
“É uma preocupação neste momento, por exemplo, que a propagação da variante Ômicron, combinada com a maior circulação de pessoas nas férias e festas de fim de ano, venha a potencializar o crescimento de casos, internações e óbitos, que podem terminar culminando em crises e colapso do sistema de saúde”
O segundo desafio está relacionado à vulnerabilidade atual dos sistemas de informações em saúde. As falhas na divulgação de dados sobre a pandemia não são só decorrentes do ataque hacker sofrido pelos portais e sites do Ministério da Saúde, mas combinam vulnerabilidades e fragilidades em todo o processo, que se inicia com preenchimento dos formulários nos estabelecimentos de saúde e municípios.
“Atrasos ou interrupções na divulgação de dados impedem a produção de informações que são vitais para tomadas de decisões baseadas em evidências, resultando em condições semelhantes a situações como dirigir no escuro e sem faróis, ou pilotar um avião sem instrumentos de navegação. Na ausência de dados, as incertezas são exponencialmente ampliadas, impedindo decisões adequadas e reforçando ainda mais o princípio da precaução” diz a publicação.
E o terceiro desafio diz respeito ao processo de politização das medidas de enfrentamento da pandemia para a proteção da saúde e da vida da população brasileira. Este processo tem combinado a desvalorização de medidas preventivas fundamentais de proteção – como distanciamento físico e social, o uso de máscaras e a higienização das mãos – com a propagação organizada de fake news e a criação de um clima de descrédito e desconfiança em relação às vacinas.
“Como medidas de cunho mais coletivo, precisamos continuar avançando com a vacinação, tanto no aumento da cobertura populacional, como na provisão das doses necessárias para a melhor proteção contra o vírus, e ampliar a exigência e controle do passaporte vacinal com vistas à redução da circulação do vírus, e, em última análise, à proteção comunitária”.
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