7 de julho de 2025

Sonhos de Natal e esperança para a economia brasileira em 2022

João Victor

Publicado em 02/01/2022 11:00

Compartilhe:

 

 

O Natal é uma época em que se renovam esperanças e se idealiza um mundo melhor. Quem nunca prometeu fazer as pazes com a balança ou conseguir um emprego melhor no ano novo que se anuncia? Os economistas também podem ser um tanto quanto idealistas em suas previsões e nem sempre seus sonhos e expectativas se concretizam.

Os que no Natal de 2020 sonharam com um 2021 promissor, com baixa inflação, recuperação econômica e controle da pandemia, hoje se deparam com uma realidade um pouco distinta. Recessão técnica, inflação acelerada, juros em alta e negacionismo científico (ainda hoje) diante da Covid-19, são uma realidade que há muito deveria ter sido superada. Porém, apesar de tudo, 2022 é um ano de esperanças e podemos construir um futuro melhor para o povo brasileiro.

O Boletim Focus divulgado pelo Banco Central Brasileiro ainda em 2020 previu inflação na casa dos 3,3% a.a, taxa SELIC de 3% e crescimento econômico de 4,7%. Ora, é notável que os sonhos de Natal não se realizaram no Brasil. Mesmo o PIB próximo a 5% que poderia representar algo positivo, não é tão significativo ao se considerar que este crescimento é relativo ao ano anterior (2020), quando se eclodiu a pandemia e os números gerais da economia brasileira e mundial foram muito negativos. Apesar deste “crescimento”, não alcançamos o patamar de 2019, quando já estávamos afundados em nossa própria crise.

O otimismo de previsões econômicas não é algo tão inexplicável, apesar de nem sempre acertarem em suas previsões. Isto acontece porque análises socioeconômicas não neutras, isentas de interesses sociopolíticos. A crença, já desmentida historicamente, de que as reformas realizadas desde 2017, atreladas ao desmonte de instituições públicas e programas sociais, atrairia investimentos externos e levaria o Brasil ao crescimento, fechou os olhos dos analistas ao fato de que um país de desempregados e sem políticas de soberania alimentar e energética é incapaz estruturalmente de crescer, apesar da austeridade fiscal e da ilusão que parece conceber.

De modo sintético, mas não simples, enfrentamos dois problemas graves que podem inspirar sonhos e ações para o ano que se inicia. Primeiro, o desemprego e precariedade das condições de trabalho dos brasileiros. A fome, insegurança jurídica, baixa produtividade e incerteza levam a população mais pobre a uma condição de marginalização que prejudica a todos. Se não há renda, não há demanda, não se produz, não se emprega, eleva-se a fome e a marginalidade. Isto pode e deve ser encarado de modo direto. O sonho dos desempregados deve ser o mesmo sonho de toda nação e políticas públicas estratégicas devem ser pensadas, se não para 2022, ao menos em 2023, com o novo destino eleitoral tomado pelo país.

Por fim, a pandemia evidenciou a essencialidade dos serviços públicos. Sem o SUS, sem a estabilidade de funcionários públicos na Anvisa, sem os Correios que transportaram medicamentos e vacinas aos mais remotos cantos do país, sem pesquisadores de instituições públicas, sem profissionais da saúde, segurança e limpeza de modo geral, estaríamos em situação muito mais grave. Principalmente diante de tanto negacionismo científico e político. Retomar a centralidade de instituições públicas é fundamental para a coesão social brasileira e, mesmo não sendo um sonho plausível já para 2022, é algo que podemos começar a construir. Já diria Galeano, o horizonte existe não para ser alcançado, mas para nos fazer caminhar.

Leia também: