
Lucy Brandão
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A inflação é um termo utilizado em economia para caracterizar o aumento de preços de um conjunto de bens e serviços em determinado período. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, foi de 10,67% no acumulado de 2021 – a maior taxa para o período nos últimos seis anos, segundo dados do IBGE divulgados esta semana.
Mas muita gente ficou sem entender o que isso significa e como impacta a vida de pessoas comuns ou que não se interessam tanto pelos índices econômicos. Por isso o portal ClubeNews reuniu algumas informações para mostrar como “essa tal de inflação” impacta em várias áreas da vida do brasileiro.
“O IPCA é o principal indexador da economia brasileira. Isso signfica que ele é um parâmetro para a correção de outras variáveis econômicas. Então há uma tendência de que vários preços que são estabelecidos com base na moeda sofrerem variações nominais”, explica o economista João Victor Souza.
Entre as principais consequências da inflação estão:
– A perda do poder de compra das famílias;
– A redução dos investimentos dos empresários, que podem ficar preocupados com os custos para produzir ou com a demanda dos consumidores;
– A paralisação de projetos públicos e privados devido ao ambiente de incerteza sobre a economia.
Dois anos de pandemia
Entre os analistas de mercado há uma quase unanimidade sobre as explicações para a inflação ter ultrapassado a casa dos 10% em 2021. Além de quase dois anos de pandemia com escassez de alguns insumos e produtos, a economia brasileira sofreu pressões inflacionárias externas, como o efeito da alta do dólar e do preço das commodities.
Outra fator preponderante no ano de 2021 foi a crise energética interna. Esta foi a explicação dada pelo presidente do Banco Central Brasileiro, Roberto Campos Neto, em documento oficial divulgado na quarta-feira (12).
A crise hídrica levou ao aumento no preço da energia, que impacta diretamente os preços de produtos e serviços no país.
Outras consequências
Um dos principais impactos da inflação oficial do país é no valor do salário mínimo. O mínimo, determinado em R$ 1.212 para este ano, não repõe a inflação de 2021, isso porque o reajuste do piso salarial nacional, de 10,02%, fica abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registrou alta de 10,16% no ano passado. Para repor o poder de compra dos brasileiros, o mínimo teria que subir para R$ 1.229 em 2022.
“Este é o preço do trabalho básico na economia brasileira. De acordo com a variação do IPCA há uma tendência de manter minimamente o poder de compra perdido ao longo do ano com o aumento do nível de salários que tende a ser igual ao IPCA”, explica o economista.
Ainda segundo o especialista, há a correspondência de pensões e benefícios do INSS, bem como alguns salários do setor público que são pautados no salário mínimo.
“Outra variável importante é o rejuste dos alugueis, que leva em consideração também outros índices, mas principalmente a inflação”, acrescenta João Victor.
Para ele, a inflação tem um peso sobre todos os setores da economia e a tendência é que a alta de 2021 crie uma espécie de força cumulativa e faça com que esse aumento de preços persista.