13 de novembro de 2025

Dívidas, empobrecimento popular e enriquecimento da elite brasileira

Atualizado em 23/01/2022 11:00

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Economia, Moeda Real,Dinheiro, Calculadora. (Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

É impossível que uma sociedade funcione sem que haja endividamento. Se você não consegue arcar com suas obrigações financeiros, se recorre a empréstimos para lidar com um gasto inesperado, caso queira mudar de automóvel ou comprar uma casa própria, ou mesmo empreender ou expandir seus negócios, provavelmente assumirá uma dívida e entrará para as estatísticas. Informações da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) apontam que 7 em cada 10 famílias brasileiras estão endividadas e que 1 em cada 4 estão inadimplentes, mas dívidas não necessariamente empobrecem, também podem enriquecer.

Antes de tudo é importante compreender que endividados não estão necessariamente inadimplentes. Aqueles que têm compromissos financeiros futuros a pagar têm dívidas, os que não conseguem pagar suas dívidas, são inadimplentes. Geralmente a inadimplência ocorre em virtude do empobrecimento da população e da elevação dos custos necessários à manutenção de sua vida em sociedade, enquanto o endividamento é comum entre os diversos segmentos sociais e pode mesmo ser considerado como uma estratégia de enriquecimento.

Os últimos anos têm sido marcados por uma severa crise que mescla elementos econômicos, sociais e sanitários e afeta significativamente as camadas mais pobres da sociedade. Para agravar ainda mais a situação, a anulação do estoque público de alimentos da Conab, a política de alinhamento internacional dos preços da Petrobrás, aliadas ao contexto internacional de incertezas e à crise hídrica que afeta o país, provocaram uma elevação sistemática do preço dos alimentos, combustíveis e da energia elétrica. Estes segmentos são essenciais para o consumo, provocaram um achatamento da renda e dificultaram que muitos brasileiros honrassem seus compromissos financeiros, elevando o endividamento e, por vezes, a inadimplência.

Por outro lado, a revista Forbes aponta que a lista de bilionários no Brasil aumentou, com 41 novos super ricos em 2021. Ora, não precisamos ir tão longe para compreender que em uma crise há sempre tendência de enriquecimentos dos mais ricos e empobrecimento das classes populares. O enriquecimento muitas vezes está ligado a movimentações financeiras que implicam em dívidas de longo prazo. A Peic também aponta que este tipo de endividamento aumentou entre aqueles que ganham 10 ou mais salários mínimos, muito em função da compra de imóveis ou da realização de investimentos. De uma forma ou de outra, são endividamentos que expressam a elevação do patrimônio e da riqueza de uma parte seleta da sociedade.

Se há aqueles que estão por cima da carne seca e enriquecem enquanto se endividam, o país como um todo empobrece. Empobrece pela mágoa de não arcar com suas dívidas e, principalmente, pela perda de um grande motor para o crescimento econômico e distribuição de renda. O consumo das famílias representa 60% do PIB brasileiro, de acordo com o IBGE, e recuperá-lo exige a renegociação das dívidas, principalmente dos mais pobres. Taxar grandes fortunas e renegociar as dívidas do povo brasileiro são estratégias fundamentais para sair da crise e desenvolver o país, mas estas são pautas sensíveis para um momento futuro.


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