Kelvyn Coutinho*
kelvyn@tvclube.com.br
Familiares dos adolescentes Luian Ribeiro de Oliveira, 15 anos, e Anael Natan Colins, 17 anos, estiveram no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) nesta terça-feira (25), onde o empresário suspeito de envolvimento na morte dos jovens presta depoimento. Luian e Anael foram encontrados mortos no dia 15 de novembro de 2021, em um matagal no Povoado Anajás, zona rural de Teresina.
A promotora de vendas Maria da Cruz Ribeiro Pacheco, mãe de Luian, afirmou que a família contesta a versão dada pelo empresário, que alegou que os jovens teriam pulado o muro do sítio onde foram vistos pela primeira vez e tentado assaltar o estabelecimento com o tripé da moto.
“Algumas coisas que ele falou não conferem. Eu tenho certeza que os meninos pularam realmente o muro do sítio, onde a gente encontrou a moto. Só que essa história de que ele foi agredido com o tripé da moto é mentira. Ele está tentando se sair e incriminar duas pessoas que não estão mais aqui para se defender. Eu tenho certeza que eles não fizeram isso aí, mesmo se eles tivessem pulado o muro, porque eles estavam sem dinheiro, querendo entrar, eles não eram de agressão”, contou a mãe.
Maria da Cruz disse que há contradições no depoimento do empresário, já que quando ela e outros familiares estiveram no sítio a procura dos jovens, ele teria dito que não teria visto as vítimas.
“Quando a gente encontrou a moto, ele falou que era um dos sócios do sítio. Eu entrei a procura do meu filho e eles fingiram que nada estava acontecendo. Na portaria, ele mesmo falou que os meninos não tinham andado lá, só que agora falou que eles estiveram lá. Ele falando o contrário. A gente quer justiça, ele não pode ficar inventando história. Ele pode ser o que for, mas a gente quer justiça. Ele pode não ter matado, mas mandou matar duas crianças inocentes”, declarou.
A promotora de vendas relatou ainda que os familiares das vítimas estão recebendo ameaças desde que o caso veio à tona e que a família acredita que possam estar partindo de pessoas envolvidas com o crime.
“Meu filho mais velho está sendo ameaçado, a mãe do Anael sendo ameaçada. Nós estamos correndo risco de vida também. Falaram que os meninos estavam devendo droga e que a gente ia pagar de uma forma ou de outra e mandou a foto de uma arma. Falou que se a gente não pagasse R$ 75 de droga, o negócio ia ser diferente. Os meninos não tinham envolvimento com crime, alguém que está envolvido com isso está querendo amedrontar a gente”, completou Maria da Cruz.
O pai de Anael, Ailton Pereira da Silva, acredita que as ameaças estão ligadas com a prisão do empresário.
“Depois que prenderam ele e começaram a investigação, mandaram ameaças de morte para o telefone da minha esposa. Estou com todos os prints e já passei para o delegado. Quando tu ‘prende’ o cabeça, o que os outros vão fazer? Retaliação, justamente para calar a família. Mas não tem como calar a família, a sociedade, porque a gente clama por justiça e nós estamos aqui para que a justiça seja feita. Eles estavam no lugar errado, na hora errada, com as pessoas erradas. Eles saíram para se divertir e encontraram esses marginais que pegaram eles. Meu filho nunca saiu, a primeira vez que saiu foi naquele dia, então pegaram ele como bode expiatório”, afirmou o pai.
*Sob supervisão da jornalista Lucy Brandão.
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