13 de novembro de 2025

Brasil entre o recorde de juros e a crise da construção civil

Atualizado em 06/02/2022 11:00

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(Foto: Simone Mello/ Agência IBGE Notícias)

Quem diria que em meio a tantas crises o Brasil retomaria o topo mundial. Entre janeiro de 2021 e de 2022, a taxa básica de juros no Brasil aumentou aproximadamente 437%, de 2% para 10,75% ao ano, levando o Brasil ao posto de país com maiores juros reais no mundo, considerando o “desconto” da inflação. Esta alta, resultado de um diagnóstico equivocado sobre as causas da inflação no país, tende a prejudicar o crescimento econômico em 2022 ao afetar um mercado essencial ao país: a construção civil.

Juros altos no Brasil não são uma novidade, fazem parte do cotidiano de famílias e empresas que recorrem costumeira mente aos créditos bancários. Apesar de serem ruins para boa parte da população, podem ser instrumentos interessantes no controle da inflação, pois reduzem a demanda por crédito e consequentemente a pressão na demanda sobre os preços. Ora, estamos em crise, não há excesso de demanda, então por que subiram tantos os juros?

O diagnóstico equivocado sobre as causas da inflação não foram nem capazes de contê-la e ainda sacrificaram a sociedade civil em sua esperança de recuperação econômica. Inexplicável e na contramão do mundo, a absurda alta de mais de 5 vezes na taxa SELIC inibiu a tomada de crédito por empresas deficitárias de recursos e capital de giro, bem como restringiu às famílias recursos extraordinários neste momento difícil. Mas isso não foi à toa, rentistas com dinheiro aplicado em títulos de renda fixa estão sendo remunerados com base na SELIC e enriquecem por cima da carne seca e não se incomodam de modo algum com esta transferência de recursos da sociedade civil para o icônico mercado financeiro brasileiro.

Neste contexto de instabilidades, a construção civil sofre um impacto significativo e demonstra pouca capacidade de expansão neste ano de 2022, com expectativa de crescimento na casa dos 2%. Responsável por cerca de um terço da indústria brasileira, o setor funciona como um termômetro do aquecimento econômico e é fundamental para geração de empregos em todo o país. O ramo é fortemente dependente do financiamento imobiliário bancário e, com a alta da SELIC, tende a ter menos credores beneficiários, sejam empresários ou famílias, o que reforça as expectativas negativas sobre a dinâmica econômica do país no ano que se inicia.

Se por um lado é difícil encontrar explicações sobre a alta dos juros no país, por outro é evidente que esta alta mais prejudica que ajuda a sociedade brasileira. A SELIC na casa dos dois dígitos só favorece a elite financeira no país e limita as possibilidades de recuperação no país, freia mercados importantes e garante uma amarga liderança internacional que não interessa em nada ao povo brasileiro.


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