Com mais um pico de casos de Covid, após a chegada da variante Ômicron, profissionais de saúdes se sentem esgotados e desamparados. O combate à doença teve início há quase dois anos e o novo aumento nos casos preocupa médicos, enfermeiros, técnicos, fisioterapeutas e todos os envolvidos na linha de frente contra a Covid-19.

A fisioterapeuta Denise Cardoso fala sobre a luta que enfrenta diariamente nos hospitais: “Tá vindo essa nova onda e seguimos firmes, aguentando até onde a gente pode. Tentando aguentar, né? Porque muitos dos nossos colegas pegaram novamente Covid. Estamos ali, toda hora, com o vírus em cima da gente. Por mais que a gente tome todos os cuidados, é uma sobrecarga muito grande”, afirma Denise.

Exaustão física e mental

Jornadas intensas de trabalho provocam uma pressão física e emocional que acaba adoecendo os profissionais da linha de frente. Pesquisas apontam que em 2020, no primeiro pico da doença, 85% desses profissionais apresentavam cansaço físico e mental. Em março do ano passado essa porcentagem aumentou para 95% e atualmente, com o crescimento de casos, a porcentagem pode ser ainda maior.

O presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Piauí, Erick Riccely, se preocupa com essa realidade. Segundo ele, as longas jornadas sem descanso e a pressão no ambiente hospitalar causam o afastamento de muitos profissionais que desenvolveram problemas emocionais. Erick também fala sobre a falta de atenção com a linha de frente.

“Falta teste para esses profissionais que estão na linha de frente. A gente sabe que ele precisa ser a ponta da atenção. Não adianta você ter uma população saudável fazendo teste com um profissional que nem sabe se está doente porque não tem condição pra fazer esse teste”, afirma o presidente do Sindicato.

Afastamento

O psicólogo Jaelton Cardoso afirma que no cenário atual da pandemia de hospitais cheios, o ambiente favorece aos funcionários o desenvolvimento da Síndrome de Burnout, causada pelo esgotamento físico e mental no trabalho. Além disto, as próprias doenças, quando contraídas, impossibilitam o trabalho de muitos.

O Hospital Universitário chegou a registrar 360 afastamentos de profissionais devido à síndrome gripal desde o início de 2022. Neste ano o grande número de casos com influenza e Covid voltam a sobrecarregar a linha de frente e os trabalhadores precisam de mais atenção.