
Lucy Brandão
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Grandes empresas instaladas no Piauí com foco na exploração do agronegócio dominam mais de 92% da produção. É o que revela o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo mostra que a expectativa para 2022 é a produção recorde de 6 milhões de toneladas de grãos – aumento de 19,1% em relação aos pouco mais de 5 milhões de toneladas obtidas em 2021.
De acordo com o IBGE, das 6 milhões de toneladas que o Piauí deve produzir em 2022, cerca de 5,5 milhões de toneladas devem ser geradas pelo agronegócio, o equivalente a 92,3% do total.
“Isso significa que apenas 8%, basicamente, dessa produção do Piauí seria dos pequenos produtores, da agricultura familiar”, explica o supervisor de disseminação de informações do IBGE no Piauí, Eyder Mendes.
Ele destaca ainda que a maior parte da produção de grãos do estado está concentrada em culturas de milho e soja – juntas respondem por 95,8% do volume total de grãos produzidos no Piauí.
De acordo com o estudo realizado pelo IBGE, a safra recorde em 2022 deve ser resultado do crescimento de 27,2% na produção de milho e de 12,1% na de soja.
O levantamento mostrou ainda que toda a produção de soja do Piauí, que deve ultrapassar 3 milhões de toneladas em 2022, está em empreendimentos do agronegócio. Além disso, cerca de 89,1% do milho gerado no estado, o equivalente a 2,4 milhões de toneladas, deve ser proveniente destes estabelecimentos. O agronegócio também deve gerar 98,8% do algodão herbáceo, o que representa 33 mil toneladas.
Por outro lado, a produção de arroz sequeiro e feijão é mais descentralizada. O agronegócio deve ser responsável por apenas 12,4% do feijão gerado no Piauí, o equivalente a 12 mil toneladas, conforme a expectativa para a safra 2022. Quanto ao arroz sequeiro, cerca de 35,9% da produção deve ser oriunda do agronegócio, o equivalente a 23,6 mil toneladas.
“O feijão e o arroz são produtos mais ou menos tradicionais da cultura do Piauí, principalmente com agricultura de pequenos produtores, aí realmente o agronegócio já tem pouca penetração. Por exemplo, 12,4% apenas do feijão produzido no Piauí é do agronegócio, é muito pouco. E no caso do arroz, apenas 35,9% é do agronegócio”, explica Eyder Mendes.
Arroz
O supervisor de disseminação de informações do IBGE no Piauí chama atenção para a previsão de queda de 12,2% na área plantada de arroz no estado em 2022. “O agronegócio está deixando o cultivo do arroz de lado, tanto que há previsão de queda na área plantada e queda na produção”.
Segundo ele, a explicação é a irregularidade das chuvas no Piauí, o que faz com que tanto grandes quanto pequenos produtores deixem de produzir o arroz.
O estudo do IBGE mostra que quase todas as culturas devem apresentar aumento de volume em 2022, com exceção do arroz, que deve sofrer redução de 10,2% em relação ao produzido em 2021. Veja no gráfico abaixo.