
A mãe do bebê Wesley Carvalho Ferreira declarou em depoimento, segundo acompanhou a conselheira tutelar, Socorro Arrais, que a criança – de um ano e 10 meses – passou fome e sede antes de passar mal e ter o corpo jogado em uma caieira, que é uma cova rasa feita na terra para fazer carvão. O bebê participava de um jejum em suposto ritual para quebrar uma maldição. Uma criança de 12 anos – membro da família – seria o “profeta”, que dava às ordens aos demais.
O ritual seria para “quebrar uma suposta maldição”. Todos da família – incluindo avôs paternos, os pais do bebê e outros membros – teriam que passar 15 dias em jejum total, incluindo sem banhos. O teor da maldição não foi revelado.
O bebê teria ficado muito debilitado. Segundo o depoimento, repassado pelo Conselho Tutelar à TV Clube, a mãe da criança entregou o filho para o pai, que o retirou de perto dela, quando o bebê começou a passar mal. O bebê teria sido jogado em uma caieira, uma cova rasa feita na terra para fazer carvão. Não se sabe se o bebê foi jogado com vida nas chamas.
“A gente está diante de um caso, de uma atrocidade imensa, que é pegar o meu filho, sem saber se ele veio a óbito ou não, e jogar ele em um fogo. Nós, durante todo esse tempo, como conselheira, nos deparamos com muitos casos, mas esse, chocou muito”, disse a conselheira.
A conselheira também contou que o líder desse ritual seria uma criança de 12 anos. “Ela (mãe) diz que ele tem 12 anos. A gente não pode dizer o nome, não temos certeza. A vizinhança também comentava sobre esse ‘profeta’”.
Família da mãe
Os pais do bebê foram identificados como Welson Carvalho e Ângela Victoria. A família de Ângela conta que a filha deve ter sido influenciada pelos familiares do marido.
O boletim de ocorrência sobre o desaparecimento só foi feito pela família, após a tia materna da criança descobrir o sumiço no início do mês de fevereiro, já que a irmã ficou sem contato.
A avó materna da criança, Lucia Ferreira, acompanha com angústia toda a situação e busca por Justiça. Ela relata que a filha era proibida pelo avós paternos de alimentar o bebê.
“Ela disse para mim que agora ia dizer a verdade. Ela disse no Conselho Tutelar. O menino morreu nos braços dela com fome. Estava em uma roda, mais de uma semana. Só era um gole de café. Ela disse que pedia para mãe dele (do marido) fazer o mingau do neném. Ela estava com ele nos braços, ele desmaiou e entregou ao pai: ‘pega o menino, faz alguma coisa’; ela pensava que ia levar ele para o hospital, mas não viu mais nada. Ela foi iludida, longe da família, não podia avisar nada. Forçada a fazer coisa que não queria”, disse a avó materna, mãe de Angela, Lucia Ferreira.
Vestígios de DNA
Moradores da região contaram ao Portal ClubeNews que a família era reservada e não conversava muito com os vizinhos.
Do pouco convívio, eles relataram que a casa tinha movimentação de umas oito pessoas, entre idosos, adultos e crianças. Geralmente, eles ficavam com a porta fechada. No local, não há muros e, geralmente, eles ficavam por trás da residência, sem serem percebidos por quem passava pela estrada de terra.
Versões
Na primeira versão, o bebê teria sido sequestrado por dois homens armados, no dia 29 de dezembro de 2021, na praça da Bandeira, no Centro de Teresina, por volta das 6 horas. Segundo a mãe, ela foi ameaçada de morte junto com o marido.
A versão do desaparecimento era defendida, inicialmente, pelos quatro envolvidos. Essa versão foi descartada pela polícia, que passou a trabalhar com homicídio e ocultação de cadáver.
Outra versão dos familiares era de que a criança teria caído dentro de um poço, também descartada pela investigação policial.
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