
Lucy Brandão
lucy@tvclube.com.br
O Piauí tem o segundo maior nível de informalidade entre os estados do Nordeste, com 57,39% dos trabalhadores no mercado de trabalho nestas condições. Os dados constam na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) referente ao 4º trimestre de 2021, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (24). No Nordeste, a taxa de informalidade do Piauí fica atrás apenas do Maranhão (59,42%).
De acordo com o supervisor de disseminação de informações do IBGE no Piauí, Eyder Mendes, a queda na taxa de desocupação no período se deve principalmente à informalidade – trabalhadores do setor privado sem carteira de trabalho assinada, empregadores sem CNPJ e empreendedores sem CNPJ. “Ainda assim, o crescimento das atividades informais já é um alento para a economia e para a vida de tantas pessoas que tinham perdido sua fonte de renda na pandemia”, analisa.
Em todo o Brasil, no ano passado, os trabalhadores informais somavam 36,6 milhões, um aumento de 9,9% frente a 2020. Isso levou a taxa de informalidade a subir de 38,3% para 40,1% nesse período. Representantes desse mercado informal, os empregados sem carteira assinada no setor privado aumentaram em 11,1% e passaram a ser 11,2 milhões de pessoas.
“O crescimento da informalidade nos mostra a forma de recuperação da ocupação no país, baseada principalmente no trabalho por conta própria. Tanto no segundo semestre de 2020 quanto no decorrer de 2021, a população informal foi a que mais avançou”, afirma a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
No Nordeste, o ranking da taxa de informalidade tem Maranhão (59,42%), Piauí (57,39%), Bahia (55,29%), Ceará (53,95%), Sergipe (53,74%), Pernambuco (52,60%), Paraíba (52,55%), Alagoas (47,83%) e Rio Grande do Norte (45,19%).
Desocupação cai
A taxa de desocupação caiu para 11,1% no quarto trimestre, recuo de 1,5 ponto percentual na comparação com o trimestre anterior (12,6%). Já a taxa média anual foi de 13,2%, o que indica uma tendência de recuperação frente à de 2020 (13,8%), ano em que o mercado de trabalho sentiu os maiores impactos da pandemia causada pelo coronavírus. Embora o cenário tenha melhorado em 2021, o patamar pré-Covid ainda não foi recuperado. Em 2019, a taxa anual de desocupação havia sido de 12,0%.
A coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, explica que a taxa média de desocupação de 13,2%, a segunda maior da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012, reflete a situação do mercado de trabalho em um momento em que a ocupação voltou a crescer após um ano de perdas intensas.
“Muitas pessoas ao longo dos dois anos perderam suas ocupações e várias delas interromperam a busca por trabalho no início de 2020 por causa da pandemia. Depois houve uma retomada dessa busca, ainda que o panorama econômico estivesse bastante desfavorável, ou seja, não havia uma resposta elevada na geração de ocupação. Em 2021, com o avanço da vacinação e a melhora no cenário, houve crescimento do número de trabalhadores, mas ainda persiste um elevado contingente de pessoas em busca de ocupação”, diz.
Comparando os principais indicadores anuais do mercado de trabalho no Piauí, referentes aos anos de 2019, anterior à pandemia, e os de 2021, observa-se que não foi possível superar os níveis alcançados no período pré-pandemia.
Em 2019, a quantidade média de pessoas ocupadas foi de 1,29 milhão de pessoas, número que caiu para 1,24 milhão de pessoas em 2021, cerca de 4% a menos. Na série histórica iniciada em 2012, a maior quantidade de pessoas ocupadas no Piauí foi em 2014, com cerca de 1,41 milhão de pessoas, o equivalente a 13,5% a mais que em 2021. Isso significa que havia cerca de 167 mil pessoas a mais ocupadas em 2014.
No Piauí, a taxa de participação na força de trabalho, ou seja, a proporção de pessoas tanto ocupadas como em busca de uma ocupação em relação ao total de pessoas em idade para trabalhar, foi de 54,7% em 2021, inferior ao registrado em 2019, que foi de 57,9%. Na série histórica desde 2012, esse indicador atingiu seu maior nível em 2014, quando chegou a 60,8%, cerca de 6,1 pontos percentuais a mais que o registrado em 2021.
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