Economia de guerra: o Brasil entre a Covid-19 e o conflito no leste europeu

O conflito bélico entre Rússia e Ucrânia, marca não resolvida do fim da guerra fria, afeta todo o mundo.

Foto: Gabinete do Presidente da Ucrânia

O conflito bélico entre Rússia e Ucrânia, marca não resolvida do fim da guerra fria, afeta todo o mundo. A Rússia é a segunda maior produtora mundial de petróleo e principal fornecedora de gás natural para a Europa, o que a torna um ator especial no contexto geopolítico energético contemporâneo. Em virtude da invasão da Ucrânia, espera-se que sejam aplicadas sansões sobre a economia russa, o que tende a afetar negativamente suas exportações de petróleo. Por consequência, seu preço internacional deve aumentar ainda mais.

A recuperação econômica dos países com alto nível de vacinação impulsionou uma forte demanda por petróleo, o que elevou seus preços. Somado a isso, há uma pressão pela redução da oferta, o que também provocará uma alta. Digamos que há efeitos acumulados de duas guerras sobrepostas, o que custará caro para os países que não têm soberania energética. Infelizmente o Brasil buscou esse caminho por interesse próprio e estamos pagando um alto preço.

Por outro lado, a crise provocada pela guerra deve implicar em escassez de capitais para países emergentes. Não digo que os capitais irão sumir, mas é fato que principalmente investidores especulativos tendam a focar suas aplicações em mercados seguros e estáveis, como o estadunidense, o que forçará países como o Brasil a manterem ou mesmo elevarem a taxa básica de juros, como prêmio ao risco para atração de recursos estrangeiros. Para uma taxa de juros já inexplicavelmente alta, isto agravará de modo significativo a condição econômica brasileira.

Em síntese, o Brasil abriu mão de sua soberania energética e alimentar, e hoje paga o preço. Dispomos de instrumentos que foram muito úteis em crises anteriores, mas desafortunadamente não utilizamos. O desmonte sistemático do complexo petroquímico da Petrobrás, aliado à política de paridade de preços, nos expõe às incertezas do contexto internacional de ‘guerras’. Apesar de tudo, há esperanças. Dispomos dos instrumentos, só precisamos readequá-los às necessidades sociais, exercendo de fato a soberania nacional. Há esperança, só falta vontade política.

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