
Thálef Santos*
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Os usuários do transporte público de Teresina continuam sofrendo com falta de frotas e qualidade dos veículos, mesmo após o prefeito , Dr. Pessoa, revogar o decreto de calamidade pública no transporte coletivo.
O documento assinado em 28 de outubro do ano passado, com prazo de 180 dias, foi revogado nesta segunda-feira (14).
O decreto esteve em vigor durante 138 dias. Nesse período, muitas greves ocorreram no setor. Ao iniciar a paralisação, em outubro de 2021, a categoria reivindicava a regularidade na jornada de trabalho, que é de 7h20 por dia. Com a regularidade, a diária de trabalho, o salário e os benefícios poderiam ser normalizados. Os trabalhadores recebem diária de R$ 30 e muitos passaram a viver de doações, já que alguns chegam a receber R$ 500 por mês.
Como as demandas do setor não foram atendidas, o transporte público continua em desfalque, mas funcionando nas condições possíveis. Os teresinenses que precisam utilizar o meio de locomoção durante a noite relatam que neste horário o transporte fica ainda mais difícil.
Reclamações
A estudante, Renata Graziele Soares, estuda no turno da tarde e conta que, como existe apenas uma linha de ônibus para o seu trajeto, ela vive uma luta diária com o transporte para poder estudar. “O ônibus que eu pego só tem um circulando, demora muito pra ele passar e bate com os horários da escola. Não tem horário, eu chego duas horas antes na escola. É um ultraje (ofensa) porque, tecnicamente, é a gente que paga por isso”, afirma.
Outros estudantes que também saem da escola durante a noite, reclamam da demora e da insegurança de passar tantas horas em locais abertos neste horário. Os usuários do transporte alegam que o intervalo entre os ônibus é muito longo. Além da insegurança, durante a noite também falta iluminação nas estações, que facilita a ação de criminosos nesses locais.
Márcia Rocha é técnica em enfermagem e afirma: “se não chegar antes de sete horas (da noite), só vai passar depois de oito e meia, nove horas, que vai ter um ônibus pra gente ir embora”. Passageiros também relatam que nos feriados e fim de semana, o transporte público é “praticamente inexistente”.

Pronunciamentos
O secretário de comunicação de Teresina, Lucas Pereira, afirma que a revogação “não exime a prefeitura de continuar pensando dia e noite em formas de entregar um transporte público de qualidade à população”.
Do ponto de vista dos empresários do setor, o decreto não era considerado legal. A consultora jurídica do Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut), Naiara Moraes, fala que a prefeitura não poderia ter aplicado o decreto no transporte. Ela afirma que a própria prefeitura é a causa da calamidade e, por isso, o decreto não tinha sentido.
O secretário de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários no Estado do Piauí (Sintetro), Cláudio Gomes, informa que a categoria continua com esperança. “A gente espera que dê certo, mas pra gente aqui, nesses 180 dias, não sentimos muita diferença não”, finaliza.

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*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso