Thálef Santos e Wesley Igor Gomes*
thalefsantos@tvclube.com
Isaque de Moura, estudante da Universidade Federal do Piauí (UFPI), é motivo de orgulho e inspiração para muitos piauienses depois que conseguiu aprovação de seis programas de PhD na área de literatura com bolsa integral nos Estados Unidos. Uma das universidades, a Boston University, é considerada uma das melhores universidades do mundo, admitindo, em média, apenas três estudantes por ano no programa de PhD do Departamento de Romance Studies, para o qual Isaque foi admitido.
Ao Portal ClubeNews, Isaque falou sobre sua trajetória, dificuldades e o que ele espera para o futuro. Ele conta que seus esforços sempre foram movidos pelo desejo que tem, desde criança, de se tornar escritor e que teve dificuldades com a insegurança e seleção das universidades. A entrevista completa você confere no final da matéria.
O estudante faz o curso de bacharelado em Ciência Política e Mestrado em Letras (Literatura) na UFPIe alcançou a conquista após participar do processo de “application internacional” nas faculdades americanas. Isaque deve partir para a nova jornada acadêmica em setembro deste ano.
Conquista
Ele foi admitido nas seguintes universidades e programas: Boston University (Hispanic Languages & Literatures), University of Washington (Spanish and Portuguese Studies), University of Massachusetts Amherst (Hispanic Literatures and Linguistics), Arizona State University (Spanish), University of Connecticut (Literatures, Cultures, and Languages) e The University of Texas at Dallas (Literature).
Isaque realizou o teste de admissão em sete universidades. “Obtive seis aprovações e estou bastante feliz, sobretudo pela oportunidade de dar continuidade aos meus estudos em instituições tão conceituadas e com bolsa integral. Sem dúvida, é um privilégio para mim”, avalia.
Dados de 2020 da Academic Ranking of World Universities, por exemplo, apontam que a University of Washington está entre as três melhores universidades públicas dos EUA. Isaque afirma que não esperava tantas aprovações, uma vez que os critérios de admissão dessas universidades são elevados.
“Optei pelo aceite de bolsa na Boston University, e inicio o PhD a partir do Fall 2022 (setembro). Nesse momento, estou organizando a minha documentação pessoal para emissão do visto”, afirma.
Referência
Para Isaque, parte da sua trajetória de sucesso é graças aos estudos na UFPI.
Segundo o professor Carlos André Pinheiro, orientador de Isaque durante o Mestrado em Letras da UFPI, o aluno sempre foi muito comprometido, inteligente, maduro e conectado com o tema de sua pesquisa. “Tenho a honra de acompanhar um orientando trilhando caminhos muito sólidos e construindo uma belíssima formação profissional”, avalia Pinheiro.
O Portal ClubeNews fez uma entrevista com Isaque de Moura na qual ele conta sobre a experiência, história de vida e as conquistas que marcaram sua vida. Confira a seguir.
Entrevista:
Como foi caminhar até esta conquista?
Foi um caminho um tanto atípico, eu diria. Não tenho o que se pode chamar de uma trajetória profissional alinhada. Em busca de estabilidade e segurança financeira, desde muito cedo comecei a prestar concursos públicos, de modo que toda a minha vida profissional foi dedicada ao serviço público (a princípio, como bancário; depois, na área administrativa; por fim, na área ambiental, e lá se vão pouco mais de dez anos).
Apesar de tudo, devo dizer que a literatura sempre esteve em minha vida. Ainda criança (numa idade em que normalmente não se produzem grandes resoluções para o futuro), decidi que queria ser escritor, e o fato é que – analisando em retrospectiva – todos os meus esforços foram motivados por esse desejo.
O problema é que nunca fui um escritor muito competente – e os meus dois livros publicados estão aí para provar que não minto. Mas até certo ponto me considero um bom leitor. Morei numa casa em que os livros eram parte de nosso cotidiano, e meus pais sempre incentivaram a leitura. Hoje, perdi as contas de quantos volumes tenho em minha biblioteca. Enfim, não sou um sujeito de afirmações categóricas, mas posso dizer que a literatura é uma das poucas certezas em minha vida.
Em termos acadêmicos, sou egresso da graduação em Ciência Política e do mestrado em Literatura da UFPI. Em julho de 2021, meses após minha defesa de dissertação, decidi que tentaria me inscrever em programas de PhD no exterior, embora a princípio não tivesse tanto conhecimento sobre os processos de admissão.
Decidi ler mais sobre o assunto, compreender a dinâmica das seleções de application e, efetivamente, tentar uma vaga. Selecionei algumas universidades cujos programas de literatura possuíam alinhamento com as minhas intenções de pesquisa e montei uma espécie de cronograma pessoal, a fim de cumprir com todas as etapas e requerimentos. Por razões financeiras, optei exclusivamente por universidades que ofereciam bolsa integral aos estudantes. E fiquei surpreso com a quantidade de aprovações.
Sempre desejou o rumo internacional?
Nada. Sou extremamente enraizado. A decisão de estudar fora é bem recente. Mas fui bastante encorajado por um amigo (Sandovaldo Moura) e pelos meus professores e ex-orientadores, razão pela qual sou definitivamente grato a todos eles.
Você enfrentou dificuldades?
Sim, muitas. A compreensão sobre o modelo de seleção (muito diferente do modelo brasileiro), as inseguranças pessoais, as dúvidas e incertezas. Além disso, trata-se de um processo solitário. Nesse sentido, é preciso explorar as informações de forma independente. Em outras palavras: examinar em detalhes os sites das universidades, familiarizar-se com a documentação, os requerimentos e os exames de proficiência. Entrar de cabeça no processo de admissão.
Foi resultado de muito foco e dedicação?
Sim, sem dúvida. Desde a produção das essays – redação para candidatura – até a fase de arguição. Além disso, o domínio do inglês e do espanhol são outros requisitos fundamentais. Bem, de que outro jeito posso dizer? É um processo difícil, cansativo e incerto, mas está longe de ser impossível (afinal, aqui estou eu). Nunca fui um aluno excepcional – e não excluo a possibilidade de ter alguns miolos a menos. No entanto, sou dedicado. Ou pelo menos gosto de acreditar que sim.
O que você aguarda pro futuro?
A oportunidade de aprender, desenvolver habilidades e entregar o meu melhor. Dedicar-me integralmente à pesquisa, à docência e à literatura. E, se possível, compartilhar meu conhecimento da maneira que estiver ao meu alcance no futuro.
O que espera da nova vida no exterior e do que pode mudar com essa conquista?
Espero que seja um período agradável, de aprendizado e amadurecimento pessoal. Quanto à segunda pergunta, não sei o que responder. Ao contrário do imaginamos, poucas são as coisas que estão sob o nosso controle. Mas fico feliz que seja assim. Não é o que torna a vida surpreendente?
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*Sob supervisão da jornalista Lucy Brandão
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Fonte: Com informações da UFPI