
Uma relação abusiva pode acontecer com qualquer pessoa e deixar transtornos marcados na vítima. É o que afirmam os profissionais de psiquiatria e psicologia. Essas relações podem ser formadas no trabalho, família ou relacionamento amoroso e provocam alterações de comportamento e humor nas pessoas afetadas.
O radialista João Nobrega conta que reconheceu a mudança de comportamento de um familiar e decidiu agir. “Eu percebi que, emocionalmente e financeiramente, ele estava ficando abalado e já não sabia o que fazer”, afirma João. Para ele, a família foi essencial para resolver o problema. “Você chegar pra pessoa que tá passando por esse situação e dizer ‘conte comigo’; essa é a solução!”.
De acordo com as ONGs que trabalham pelos direitos das mulheres, no Brasil, três em cada cinco delas podem sofrer uma relação abusiva. Na maioria dos casos, os abusos são praticados por companheiros ou ex-companheiros. A jornalista Camila Neto diz que enfrentou muitas dificuldades ao viver uma relação como essa.
“Eu já não conseguia sair só. […] Não podia mais falar com ninguém. O jeito de me vestir foi sendo transformado. […] Me afastei das pessoas e comecei a ter crise de bulimia. Cheguei a pesar 42 quilos”, afirma Camila.

O psicólogo João Marcos Ferreira recomenda que, ao notar a mudança de comportamento, simplesmente oferecer ajuda pode ser um gesto de carinho capaz de libertar as pessoas. Camila diz que mesmo após sair da relação, as vezes pensava em voltar, mas nesses momentos refletia sobre tudo que passou e com a ajuda de seus pais e da religião ela superou a situação.
“A gente precisa de muito apoio e ter conhecimento do que está passando. Esse cuidado todo não é amor, não é proteção. Quem ama cuida realmente, mas tem que dar liberdade e companheirismo”, afirma Camila.
Riscos
O médico psiquiatra Vicente Gomes explica que o impacto vai além da saúde mental. Segundo ele, o excesso de estresse e “peso da vida” podem provocar também dores crônicas, alterações gastrointestinais, metabólicas e hormonais, além da baixa auto-estima, insegurança, ataques de pânico, ansiedade, angústia e até depressão.
Como identificar?
Vicente explica que é um processo complexo. A relação abusiva passa por fases: a tensão inicial de proteção abusiva; a crise que pode ser abuso físico ou sexual; a fase chamada de “lua de mel”, na qual o companheiro pede desculpas e oferece presentes, trazendo o sentimento de culpa à vítima.
Apesar de não significar exatamente um caminho até a morte física (feminicídio), o médico psiquiatra afirma que há uma morte da autonomia, do auto-respeito e do amor próprio.
Como ajudar?
De acordo com o psiquiatra, medicamentos paralelos aos tratamentos com psicólogos podem auxiliar a acalmar a vítima e permitir a percepção do que está acontecendo. Isso possibilita à pessoa que passa pela relação abusiva se recuperar, reunir forças para sair daquela condição e seguir em frente.
Vicente Gomes explica que o tratamento psicológico e atividades em grupos de auto-ajuda permitem também que as vítimas não formem novas relações abusivas. “É importante ela perceber, se conhecer, para que ela consiga dar o próximo passo e siga em frente com tranquilidade e segurança. […] E saber que ela consegue ficar bem, viver bem com autonomia e liberdade tomando as decisões corretas”, finaliza.
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