
“Não tenho mais vida”, diz a mãe do menino Lucas, de 9 anos, que morreu vítima de dengue hemorrágica na cidade de Teresina. A morte foi confirmada nesta quarta-feira (30) pela Fundação Municipal de Teresina (FMS).
Lucas estava internado em um hospital particular na zona Sul de Teresina. A mãe conta que pedia a Deus forças para que ela e o filho continuassem na luta contra a doença. Ele ficou internado somente no sábado (26), após a mãe ir várias vezes ao hospital, desde a terça-feira (22), com o filho doente.
“Eu fechei meus olhos e pedi a Deus que quando eu abrisse meus olhos Ele me desse coragem. Passei a noite todinha naquela UTI (unidade de tratamento intensivo), eu nunca mais comi nem dormi. Não tenho mais vida”, desabafou.
O pai de Lucas, Julimar Rodrigues, esteve ao lado do filho durante a internação. Abalado, ele relatou que pediu por mais assistência médica ao filho. Ele denuncia, por exemplo, que o medicamento demorou a chegar. “Um domingo desses eu não esqueço mais nunca”.
Relatos do atendimento
A mãe também deu detalhes do atendimento ao filho na quarta (23) no hospital particular. “Entrei e entreguei a carteira (do plano de saúde), (a atendente) mandou esperar. (Ele) foi para o acolhimento, fiquei três horas esperando. Quando o médico chegou disse que provavelmente era dengue, passou a medicação dipirona, um remédio para vômito e um para o nariz porque ele estava gripadinho”. A criança foi para casa com os pais.
Na quinta (24), a criança ficou com dor de barriga. “A última vez que ele comeu foi na terça (22). Na sexta (25), ele acordou debilitado e levei de novo (ao hospital)”.
Na sexta (25), a mãe relatou novamente os sintomas ao médico de plantão. “Contei a história, e eles pediram o exame de sangue”. O resultado ia sair em quatro horas, a criança disse que não queria ficar na cadeira, sentada, e a mãe o levou para casa enquanto aguardava o resultado.
Depois de duas horas de colhido o sangue, eles retornaram ao hospital. “Deu suspeita de dengue, mas o menino mal andava”. A médica receitou medicamento e pediu que a criança retornasse no domingo (27) para colher sangue novamente. Em casa, a criança passou a vomitar sangue.
No sábado (26), Lucas ficou internado e passou a receber sangue com pedido de transferência para a unidade de tratamento intensivo. No domingo (27), a criança morreu.
“Meu filho morrendo, precisando de sangue. Eu falava, meu filho está pedindo água, pedindo comida. Diziam: ‘não, pai, é dieta zero’. Nada de sangue, nada de plaqueta, meu filho morrendo. Quando foi 16h30 (de domingo, dia 27), eles pediram para eu sair para dar banho no menino, não vi mais meu filho. Quando foi 20 minutos para as 18h, chegou um chefe médico e disse que ele ia precisar colocar um cateter. Eu disse: ‘cateter onde? Meu filho já está morto’. Ele disse que não. Depois ele veio e disse: ‘seu filho teve uma parada’, mas vamos reanimar. Meu filho não tinha sangue. Meu filho partiu”.
Até o momento, hospital particular não divulgou esclarecimentos sobre o prontuário da criança.
PREVENÇÃO
Até esta quarta (30), Teresina já confirma 387 casos da doença neste ano, do total de 851 casos notificados, até o dia 29 de março de 2022. Os dados são da Fundação Municipal de Saúde (FMS).
Em 2021, foram 168 notificações no mesmo período (até 29 de março de 2021). Mortes por dengue não eram registradas há dois anos.
A Fundação Municipal de Saúde (FMS) alerta que o período chuvoso requer ainda mais atenção dos moradores em relação ao Aedes aegypti por ser uma época propícia para a reprodução do mosquito. Somente neste ano, 228.982 imóveis foram visitados pelas equipes da gerência de Zoonoses, mas o poder público também precisa que os moradores façam a sua parte.
“Ainda vemos pessoas fazendo o descarte inadequado do lixo em terrenos baldios e praças. No momento do período chuvoso, esse material acaba se tornando um criadouro”, alerta o gerente. “A responsabilidade de mantermos esses ambientes, sejam públicos ou privados, livre de criadouros, é de todos nós enquanto cidadãos”, diz o gerente de Zoonoses da FMS, Paulo Marques.
Cuidados como limpar e manter caixas d’água fechadas são necessários, assim como trocar água dos vasos de plantas e limpar os ralos. Os funcionários da fiscalização afirmam que os locais onde mais se encontram as larvas do mosquitos são em um recipiente acima dos motores de geladeiras que acumulam água, em climatizadores e ainda, em bebedores de animais.
A FMS pede atenção para pontos como calhas e marquises, que estão sujeitos ao acúmulo de água das chuvas.
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