Serra da Capivara: povoado Zabelê é premiado pelo Iphan

Museu criado por moradores para preservar cultura do antigo povoado Zabelê recebeu prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

Museu Zabelê no Parque Serra da Capivara – (Foto: Iphan- Governo Federal)

 

A ação do povoado Zabelê localizado no Parque Nacional Serra da Capivara foi premiada nesta quarta-feira (13) pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O 34° Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade do Iphan contemplou 12 iniciativas brasileiras com temáticas relacionadas à memória, gestão do Patrimônio Cultural, difusão e valorização do saber popular, dentre outros voltados para a preservação e salvaguarda do Patrimônio Cultural do Brasil.

A ação premiada no Piauí, foi a criação um centro de memórias nomeado Museu Zabelê (Muzab), com registros da cultura material e imaterial do antigo povoado Zabelê.

O museu foi vencedor na categoria “Iniciativas de excelência na integração entre as dimensões material e imaterial do patrimônio cultural – com resultados no ano de 2019 e 2020”, no segmento “Segmento III – Redes e coletivos não formalizados”.

Além do Piauí, foram contemplados os estados do Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

A cerimônia que acontece na tarde desta quarta-feira e oficializa a entrega do prêmio aos selecionados acontece de forma online.

Dez foram contemplados com premiações de R$ 20 mil e outras duas ações com menções honrosas. As iniciativas também receberão certificado e selo do Prêmio Rodrigo 2021.

“As ações premiadas demonstram o quanto nossa cultura é diversa. Reconhecer a relevância dessas iniciativas faz parte da missão do Iphan, que é cuidar e difundir o Patrimônio Cultural, em todas as suas formas e lugares do Brasil”, ressalta a presidente do Iphan, Larissa Peixoto.

 

Um museu para recontar o velho Zabelê (PI)

 

História embrenhada no semiárido piauiense, o Museu Zabelê (Muzab) reaviva a memória do povoado de mesmo nome, e conta uma trajetória construída entre a caatinga, cacimbas e paredões rochosos. Localizado na zona rural do município de São Raimundo Nonato (PI).

O Museu teve sua primeira exposição em 2018, numa casinha cedida por uma ex-moradora do velho Zabelê. O acervo, formado por fotografias e objetos pessoais das famílias do povoado, atraiu aproximadamente 300 visitantes nos primeiros meses de exposição.

Com a pandemia, as atividades precisaram de pausa e têm sido retomadas aos poucos. Atualmente o Museu soma quase 900 visitas e planeja novas ações.

O Prêmio Rodrigo é aliado fundamental na nova fase do Muzab: “Queremos trabalhar com arte-educação, trazer a escola da comunidade para o Museu. A ideia é promover oficinas de teatro, artes plásticas, arqueologia experimental, e outras que ajudem a resgatar a nossa memória”, explica o idealizador da ação, o arqueólogo Iderlan Santana.

“É uma forma de envolver a comunidade com o Museu e a história do povoado, ao mesmo tempo em que chama a atenção do turista para a nossa comunidade”, acrescenta.

A primeira comunidade

Tudo começou em 2003, quando Iderlan, ainda adolescente, quis se aprofundar na história do seu lugar de origem. Curioso e atento, ouviu relatos dos mais velhos e coletou fotos com a intenção de registrá-los num livro. Mais tarde, viu que o material conseguido ao longo dos anos era ideal para uma exposição, e decidiu criar o museu.

O antigo povoado Zabelê formou-se dentro do território que hoje é o Parque Nacional da Serra da Capivara, a cerca de 400 km da capital Teresina.

Com a criação do Parque, na década de 1980, as famílias que lá viviam precisaram ir embora e foram reassentadas na Fazenda Lagoa Novo Zabelê, próximo à sede do município de São Raimundo Nonato.

Naquela época, a comunidade era formada por trabalhadores que viviam da agricultura de subsistência, caça e extração de borracha da maniçoba.

Com a mudança de moradia, os modos de vida e costumes se dispersaram. Os mais jovens já não conhecem a trajetória do próprio povoado, seus contos, ritos e mitos. O Museu Zabelê propõe o resgate da cultura material e imaterial da velha comunidade. Nele, os enredos se entrelaçam em antigos saberes e fazeres que garantiram a sobrevivência num ambiente árido.

Nova casa para o Muzab

O museu está se preparando para mudar da casinha em ruínas para um novo espaço, com local adequado para o acervo, uma loja e um anfiteatro.

A nova estrutura é construída com a ajuda de parceiros, como o Projeto Veredas, de uma escola localizada em São Paulo (SP). Também recebe doações de turistas que conheceram e se encantaram com o Muzab.

Para seu funcionamento, o museu conta com a ajuda de profissionais da agronomia, arqueologia, geografia e outros da própria comunidade. Também há colaboração de uma museóloga e arte-educadora residente em São Paulo.

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Fonte: Iphan


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