4 de julho de 2025

Mulheres trabalham mais em casa e fora dela; leia artigo completo

Lucy Brandão

Jornalista
Publicado em 10/05/2022 11:00

Compartilhe:

Algumas empresas têm sido mais compreensivas com as mulheres, principalmente as mães. Isso porque apesar da sobrecarga dessas profissionais, somando o trabalho em casa e fora dela, ainda assim muitas são mais produtivas que outros trabalhadores.

Dados do IBGE mostram que as mulheres dedicam 11 horas a mais que os homens aos afazeres domésticos ou cuidados com os filhos e outras pessoas no Piauí. Enquanto as tarefas domésticas ocupam 22,4 horas semanais das mulheres, os homens dedicam apenas 10,7 horas em média.

A realidade é parecida mesmo entre as pessoas que, além de trabalharem em casa, também exercem alguma ocupação remunerada. No Piauí, as mulheres ocupadas dedicam ainda cerca de 20,6 horas semanais aos afazeres domésticos e/ou cuidados com pessoas. A média semanal cai para 10,5 horas entre os homens ocupados.

E isso não acontece apenas no nosso estado. No Brasil, as mulheres dedicam em média 10,4 horas a mais que os homens às tarefas de casa.

Arlene Torres é especialista em produtividade e organização financeira. (Foto: reprodução)

Para a empresária, especialista em produtividade e mãe de duas crianças, Arlene Torres, dar conta dessa multiplicidade de funções e de jornadas de trabalho tem tudo a ver com a organização do tempo e das atividades. “No meu estudo sobre essas múltiplas jornadas femininas, cheguei à conclusão que são vários princípios que nos fazem conciliar as várias funções e a maioria deles passa pelo planejamento”.

A especialista destaca ainda que produtividade não significa estar o tempo todo ocupada. “Na organização da nossa rotina é necessário que a gente faça o planejamento para ter tempo não só para as atividades prioritárias como para ter tempo livre, que é fundamental. Afinal é o descanso que faz com que a gente volte a ter produtividade no próximo dia, na próxima jornada”, indica.

De geração em geração

Acumular múltiplas jornadas é algo que as mulheres aprenderam com as mães, avós, bisavós e todas as ancestrais. É o que afirma a consultora de carreira Élida Lopes. “As meninas da minha geração foram acostumadas, desde cedo, a ver a mãe acumular essas várias tarefas, mesmo quando não trabalhavam fora, mas ainda assim ajudavam no cultivo da terra, no negócio da família, enfim”.

Elida Lopes, consultora de carreira.

Para Élida, as mulheres levam para o ambiente de trabalho toda a experiência que adquirem no “estágio” feito em casa. “Na minha opinião, o trabalho que a gente faz fora de casa é fichinha comparado ao que temos que dar conta em casa”, afirma. Ela explica ainda que é desta forma que as mães se tornam mais produtivas dentro e fora de casa.

“O segredo da mulher ser produtiva é a estratégia certa. Eu tenho três filhas e para conseguir sair no horário certo de casa com elas é necessária toda uma estratégia. Deixo as fardas prontas no dia anterior, prontas para se vestirem. Elas organizam as mochilas e deixam prontas no local de sair. Eu preparo lanches escolares e parte do que vou precisar para o café da manhã arrumado. Então, tudo isso é uma estratégia para ser produtiva e dar conta dessas tarefas rapidamente”, conta.

Flexibilidade

A grande carga horária dedicada às tarefas de casa é um dos fatores que fazem com que as mulheres sintam maior necessidade de buscar por ocupações que permitam horários de trabalho mais flexíveis ou jornadas semanais mais curtas.

Foi o que a empresária Carla Sousa escolheu ao deixar um emprego com carteira assinada para assumir um negócio próprio. “Eu precisava ter tempo para dedicar às crianças, aos horários de deixar na escola e até à minha saúde. Então, embora trabalhe mais hoje em dia, eu faço meus horários e consigo organizar todas as tarefas”, relata.

Clara Allen, empresária e personal organizer. (Foto: arquivo pessoal)

Quem também não abre mão da flexibilidade nos horários de trabalho para cuidar do filho de 10 meses é a empresária e personal organizer Clara Allen.

“Quando o Vitor nasceu eu senti na pele que ia precisar ter mais flexibilidade com os horários. Então foquei mais no trabalho online, dava cursos e tinha minha loja de produtos organizadores na internet, eu fazia tudo da minha casa. Quando ele foi crescendo mais um pouquinho, aí eu já fui podendo sair mais de casa”.

Para Carla Sousa, se as empresas não estiverem dispostas a negociar essa flexibilidade, vão perder cada vez mais talentos e deixar de incentivar a “maternofelicidade”.

 

Maternopenalidade X maternofelicidade

Mães têm denominado maternopenalidade o ato de discriminar, castigar ou punir uma mulher no ambiente de trabalho pelo único fato de ser mãe. Isso também pode acontecer no trabalho quando mães têm receio de fazer solicitações que envolvam atividades relacionadas a seus filhos, como idas ao médico e reuniões escolares.

Pensando nisso, a empresa de recrutamento e seleção Gupy lançou uma campanha de transformação na cultura organizacional das empresas para que mais mães se sintam felizes (maternofelicidade, como a empresa chamou), por estarem presentes no ambiente de trabalho. Quem tiver interesse em conhecer melhor a campanha sobre maternofelicidade da Gupy, pode acessar o blog da empresa.

Organização é fundamental

O planejamento das tarefas e a organização da casa para que tudo esteja à mão são duas grandes aliadas das mães que trabalham fora. A dica é da empresária e personal organizer Clara Allen. “Como especialista em organização, eu indico ter esse hábito de voltar com tudo pro lugar imediatamente depois de usar, não acumular tarefas domésticas, planejar o dia seguinte na noite anterior, já ir adiantando tudo facilita muito. Só assim consigo dar conta da loja, do atendimento às clientes, da casa, dos cuidados com meu filho e das coisas que eu gosto, como minha atividade física”, revela.

 

 Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp ou Telegram.

Leia também: