Kelvyn Coutinho*
kelvyn@tvclube.com.br
A servidora terceirizada do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), Kelly Laiane Rodrigues Ferreira, presa em flagrante nessa segunda-feira (16) pelo crime de corrupção passiva, teve sua prisão convertida em preventiva em audiência de custódia realizada nesta terça-feira (17).
Kelly foi presa pela Polícia Civil após uma denúncia feita por uma vítima. Segundo a denúncia, a servidora pediu R$ 2 mil para agilizar o andamento de uma ação de separação com pensão alimentícia, ajuizada em 2013.
Em depoimento à TV Clube, a vítima declarou que foi abordada pela servidora no prédio do tribunal e que a suspeita teria pedido a propina afirmando que adiantaria a sentença do processo.
“Ela me passou o contato dela, pegou o meu e disse que qualquer novidade ela entraria em contato comigo. Passou o fim de semana, ela me ligou e pediu para que eu comparecesse até a vara, porque ela tinha algo a me dizer relacionado ao meu processo. Quando eu cheguei, me surpreendi porque ela mandou uma mensagem pedindo para que eu me dirigisse até o banheiro. Ao chegar lá, foi quando ela me pediu a propina de R$ 2 mil para que pudesse estar resolvendo o caso do meu processo, que já era certeza que iria sair a minha sentença”, disse a vítima, que preferiu não se identificar.
Percebendo que se tratava de uma prática criminosa, a mulher resolveu denunciar o caso à polícia.
“Ao sair de lá, eu fui direto conversar com meu advogado, para repassar para ele o que estava acontecendo. Ele me pediu para ganhar mais um tempo até que a gente tivesse conseguido coletar mais provas, para que ficasse de fato algo mais robusto e que pudesse comprovar [o crime]”, completou a vítima.
A advogada Ana Letícia Vaz, presidente da comissão de Direito da Família da OAB-PI, comentou que os servidores terceirizados – como Kelly Laiane – não têm acesso à movimentação de processos no TJ.
“Quem tem acesso ao sistema são apenas os servidores concursados e comissionados que ficam nos gabinetes ou na secretaria. Os terceirizados ficam geralmente na parte do atendimento, não na parte de movimentação processual, de decisão. Eles não têm esses acessos. Ela provavelmente estava enganando a vítima”, afirmou Ana Letícia.
Greco vai investigar se outros servidores estavam envolvidos
As equipes de investigação do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) apuram se a servidora terceirizada do Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), presa em flagrante na segunda (16) ao receber R$ 2 mil de uma vítima para agilizar um processo, agia sozinha ou se participava de um esquema criminoso. O Greco também investiga se outras pessoas foram vítimas desse esquema.
“A servidora foi autuada em flagrante pelo crime de corrução passiva. Os autos investigatórios continuam no sentindo de identificar se foi um caso isolado ou se a cobrança de propina no referido órgão ocorria de forma reiterada. Somente com o avanço das investigações vai contar se essa servidora estava agindo sozinha ou em conluio com outros servidores”, comenta o delegado Francírio Queiroz.
No momento da prisão, a investigada disse aos policiais que tem direito a um advogado e se manteve em silêncio, incluindo na oitiva. Ela deve passar por audiência de custódia ainda nesta terça-feira (17).
*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto.
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