5 de julho de 2025

Reintegração de posse tenta retirar 75 famílias que ocupam terreno abandonado da PMT, diz coletivo

Redação

Publicado em 24/05/2022 12:00

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Desapropriação de terreno no Loteamento Uruguai. (Foto: Ângela Bispo)

Equipes da Força de Segurança estão no Loteamento Uruguai, na zona Leste de Teresina, para dar cumprimento à reintegração de posse por ordem judicial de um terreno ocupado por pelo menos 75 famílias.  O terreno pertence à Prefeitura de Teresina e está ocupado pelos manifestantes há pelo menos 8 meses.  Os ocupantes, na tentativa de evitar a reintegração, criaram barricadas com queima de pneus nas ruas.

O representante das famílias, identificado apenas como Leonardo, relata que as famílias não possuem outro lugar para morar. Além disso, o pedido de reintegração, segundo os ocupantes, surgiu de surpresa.

“Elas não têm condições nenhuma de moradia, não têm salários. Elas vieram, devido à necessidade, para esse terreno aqui disponível. A prefeitura disse que é área constitucional. Então, a gente está tentando construir moradia para esse povo desabrigado que veio da pandemia, calejado, sofrido, de tanto apanhar dos estados, governos e da prefeitura. A gente está reivindicando isso, esse pedaço de chão para construir moradias para esse povo”, disse.

Terreno estava abandonado

O terreno pertence à Prefeitura de Teresina e, segundo os moradores, está abandonado há mais de 30 anos, sem nenhum uso público. A coordenadora do Coletivo Despejo Zero, Fabíola Lemos, acrescenta que a entidade já protocolou requerimento na prefeitura para acompanhar a realocação das famílias. Ela destaca que, até agora, o poder executivo municipal, não informou o destino do terreno caso as famílias deixam o local.

“A gente, dos movimentos sociais, conseguimos fazer uma reunião com essa gestão. Protocolamos um documento para acompanhar a realocação dessas famílias. Esse terreno está abandonado há 30 anos, é uma área institucional da Prefeitura, que ela não faz nada nesse terreno; não faz um equipamento público e, na hora que as pessoas precisam de moradia e querem ocupar,  a prefeitura chega com essa truculência. É um terreno público que não tem nenhum efeito de uso público, é simplesmente abandonado. Eles nem falam o que vão fazer com esse terreno”.

Policiais realizam reintegração de terra na zona leste de Teresina (Foto: Arquivo/ClubeNews)

Ordem judicial 

De acordo com relatos dos populares, a Polícia Militar (PM) teria chegado ao loteamento por volta das 6h manhã desta segunda-feira (24). Logo depois, devido à intensificação da manifestação, alguns tratores chegaram no local.

O major James, da Polícia Militar do Piauí, ressaltou que as equipes cumprem a ordem judicial e contam com o apoio da Guarda Civil Municipal.

A PM informou que solicitou a presença de representantes de outros órgãos, como do Ministério Público, Conselho Tutelar e Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Políticas Integradas (Semcaspi).

“A equipe não chegou aqui hoje. Estamos aqui há mais de uma semana. Já fizemos contato com os ocupantes e algumas lideranças, juntamente com o oficial de justiça. Estamos aqui em manter a ordem, cumprir a decisão judicial e garantir a segurança de ambas as partes”.

Na avenida principal do Loteamento Uruguai, os habitantes montaram barricadas com pneus e atearam fogo nelas para dificultar a passagem da polícia. Além disso, os ocupantes relataram que a sensação que se instala no lugar é de muita preocupação e desespero, alguns foram para a porta de casa devido à intensa nuvem de fumaça no local.

“Estou preocupada porque não tenho para onde ir. Então, tenho que ficar aqui mesmo. Estou morando de aluguel e não tenho para onde ir”, expressou uma ocupante.

Área ocupada tem projeto ambiental 

O secretário executivo da Semcaspi, Eduardo Aguiar, comenta que as equipes dos órgãos buscam garantir o direito das famílias para que elas possam ser atendidas pelos programas sociais do governo e do município. Ele reforça que a Prefeitura de Teresina também tentou negociar com as famílias a desocupação do local.

Eduardo acrescenta que a prefeitura vai disponibilizar assistência social a essas famílias e mapear as vulnerabilidades sociais delas, se é de moradia ou de outras áreas.

Em resposta, o secretário confirmou que existe um projeto para a área ocupada. “Existe um projeto de intervenção da Cidade Leste. Isso é uma área ambiental, que todo território deve ter. Já tem um projeto para ser implementado, já tem orçamento aprovado. É um processo para revitalização da região”, explicou.

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