Em meio a desertificação, agricultores em Gilbués aproveitam o solo rico em água e minerais

De acordo com especialistas, Gilbués está localizado na região de um dos maiores lençóis freáticos do Brasil.

Área de Gilbués com solo danificado pela erosão da chuva. (Foto: arquivo)

Thálef Santos*
thalefsantos@tvclube.com

Conhecida pelo fenômeno da desertificação, o município de Gilbués também guarda – abaixo do solo –  uma mar de água doce e muitas riquezas minerais que, aplicadas na técnica correta de manejo, pode mudar a realidade local. Recentemente, a cidade foi destaque no Globo Repórter e em uma série especial da TV Clube.

O pesquisador Dalton Macambira, com doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, conta que o terreno da região, que não é apropriado para grandes impactos, sofreu com a chegada da pecuária e da agricultura no local.

Sem cuidados de preservação do solo e da água, o terreno sofreu com as técnicas de manejo que não tinham como objetivo salvaguardar a área utilizada.

Ao longo de cinco décadas, o leito do riacho Gameleiro, que passa pelo município, por exemplo, teve o seu curso alterado devido às voçorocas, uma das formas mais graves de degradação da terra. A chuva é um dos principais fatores para esse processo.

Como o ambiente está naturalmente fragilizado, o grande volume de chuvas, em um curto período, tende a abrir crateras, configurando, assim, o fenômeno de desertificação.

O pesquisador Dalton Macambira explica que apesar da parte orgânica ter sido levada pela erosão da chuva, o terreno é rico em água subterrânea e minerais importantes para recuperar o solo da região.

Uma das técnicas de saída para agricultores da região foi a plantação em níveis. O tipo de plantio permite que as sementes cultivadas no alto do barranco não sejam arrastadas pela água da chuva.

Plantação de milho da terra seca. (Foto: arquivo)

Transformação 

Apesar da região de terra seca, rachada e grandes erosões, algumas áreas são utilizadas por moradores para plantação. Com sucesso em algumas áreas, eles criam um verdadeiro oásis no meio da desertificação.

O agricultor José Rodrigues de 80 anos fala sobre o processo transformador e de esperança na região. “Eu planto milho, feijão, já plantei arroz. Antes, plantava bastante cana e tinha até um engenho. Atualmente, até mandioca eu planto. Ela (a terra) dá de tudo”, diz.

“A terra precisa de carinho igual gente. Terra é ser vivo também”, afirma o agricultor José Rodrigues.

Além do plantio, seu José também cria gado no local. A esposa e dona de casa, Zilmar Barbosa, conta que há um tempo a única fonte de água era um rio longe de casa, mas após a construção de um poço a vida se tornou mais fácil.

Enquanto a água era coletada no rio, o casal só conseguia plantar pequenos canteiros. “Agora não, com a água (do poço) tranquilizou”, diz Zilmar. Na cozinha, galinha, feijão, arroz e legumes; todos plantados e colhidos no quintal de casa.

 

 

De acordo com especialistas, Gilbués está localizado na região de um dos maiores lençóis freáticos do Brasil.

O produtor rural Gilberto Vilarinho utiliza de um poço cavado em 1996 para a formação de um tanque de criação de peixes. Além dos peixes, a área do tanque preserva árvores de Mangueira, Coqueiro, Jatobá, entre outras.

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*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso.

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