
Thálef Santos*
thalefsantos@tvclube.com
Os Sindicatos dos Delegados de Polícia Civil (Sindepol-PI) e dos Médicos do Piauí (Simepi) constataram, na manhã de quinta-feira (30), durante uma fiscalização in loco, condições insalubres de trabalho na sede do Instituto Legal de Medicina (IML), localizado na zona Sul de Teresina.
De acordo com os sindicalistas, eles observaram corpos fora da cama de conservação, descarte de materiais irregular, espaços sujos e mal organizados com geladeiras e equipamentos com defeitos.
“É uma insensibilidade do Governo do Piauí não reconhecer que os policiais e os médicos (assim como outros profissionais da área da saúde) sacrificaram suas vidas durante a pandemia e continuam colocando sua saúde em risco trabalhando em locais insalubres como o IML e outras unidades policiais”, diz o Sindepol.
A denúncia também afirma que funcionários do IML estão adoecendo devido às condições de trabalho. Os representantes do sindicato ressaltam que a gestão não cumpre o pagamento do adicional de insalubridade devido em percentuais. Segundo eles, o valor do teto do adicional de insalubridade também foi congelado desde 2007.
Já o Simepe alertou que as péssimas condições de trabalho também “resultam em prejuízos enormes para as investigações criminais do Estado”.
Além disso, segundo o Simepe, “o prédio está com janelas quebradas, o local de repouso dos profissionais está com ar-condicionado sem funcionar, camas sem colchões, banheiros que servem de depósitos, laboratórios inadequados para funcionamento, um verdadeiro abandono”.
“Encontramos muita sujeira, mofo, ferrugem, lixo hospitalar despejado sem nenhum cuidado. Um verdadeiro descaso com os profissionais que colocam a sua vida em risco diariamente ”, afirma o presidente do Simepe, médico Samuel Rêgo.
Confira a publicação-denúncia completa:
Contraponto
Para o delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko, a denúncia seria uma tentativa do sindicato de realizar negociações com o Governo Estadual na véspera das eleições com o objetivo de alcançar ajustes salariais.
“(Isso) é fundo para tentar negociar com o Governo na véspera de uma eleição em detrimento de todos os demais servidores do estado”, afirma.
Segundo o delegado, o IML tem plenas condições de funcionamento e “se houve alguma constatação de uma sujeira, algo do tipo, é falha interna e humana”.
O delegado acrescenta que as denúncias serão averiguadas com a direção do IML para confirmação dos fatos. Ele também comenta que a intenção da publicação é salarial e reforça sobre um plano de negociação.
“Tem que ver com a direção o que ocorreu naquele dia, mas a questão é salarial. Falo pela polícia, não sei questão de médico. […] Estamos em um período pré-eleitoral, em que existem vedações legais para inserir outro reajuste mesmo na forma de insalubridade. Temos que constatar com a direção do IML, porque se temos servidores para limpeza, geladeira funcionando plenamente, contêiner de descarte de resíduos. Então, foi falha humana. Vamos verificar o que houve, mas não teve falha estrutural. Como já disse, plano de fundo para tentar negociar com o Governo na véspera das eleições”, diz o delegado.
O diretor do IML, Antônio Nunes, respondeu às denúncias e informa que as reclamações são infundadas. Para ele, os apontamentos foram exageros. Ele explica que o corpo registrado era uma “múmia” a espera de identificação em uma sala interna do instituto.
“Algumas coisas foram mais questões de organização, toalha no chão, algo que um servidor deixou. Não deveria deixar, mas não é algo estrutural. O cadáver mostrado não estava nos corredores, ele estava em uma sala do IML, é uma múmia. Múmia não precisa ficar em geladeira porque ela não vai deteriorar. Está lá para ser identificada e isso é normal em qualquer IML”, afirma o diretor.
Sobre as geladeiras quebradas, ele informa que foram algumas delas desmontadas para troca por novas, mas neste processo outras geladeiras continuam em funcionamento. Ele disse que alguns consertos realmente são necessários, como em ar-condicionados e na sala de necropsia. Porém, todos os problemas já estão encaminhados para resolução.
*Sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso.
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