
No dia 4 de agosto foi sancionada a Lei nº 14.431/2022 que liberou o crédito consignado para beneficiários de programas sociais como o Auxílio Brasil. Mas dois bancos brasileiros – Itaú e Bradesco – já anunciaram que não vão conceder crédito ao público dos programas. “Entendemos que não é o produto certo para público vulnerável. Assim, o banco preferiu não operar”, disse o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy Filho, nesta terça-feira (8), ao comentar os resultados do segundo semestre.
Na última semana, o Bradesco também já havia informado que não vai operar a linha de crédito autorizada pelo governo federal. Octavio de Lazari Jr., presidente do banco, justificou que o banco preferiu não aderir à modalidade por se tratar de um público vulnerável.
Desde que a medida provisória (MP) foi editada pelo governo e aprovada pelo Congresso Nacional, o tema divide opiniões, mas a maioria dos especialistas concorda que há risco de endividamento ainda maior da parcela mais vulnerável da população.
O economista Clenilson Cruz explica que os grandes bancos utilizam uma análise de risco-retorno para criar e conceder linhas de empréstimo e financiamento. “O Auxilio Brasil constitui-se em um programa social cujo valor é reduzido, e o perfil do público é limitado do ponto de vista financeiro. Logo, a rentabilidade proporcionada pode não ser de interesse ao banco”, aponta.
Para ele, a decisão de não conceder empréstimos não deve ser vista como preconceituosa. “A relação entre banco e cliente tende a ser uma relação de mercado, na maior parte das vezes, boa para ambos. O cliente acessa o crédito, atinge seu objetivo, e o banco lucra com os juros. Linhas de crédito e financiamento de bancos privados são feitas para obter lucros. O empréstimo consignado é um produto financeiro. Não é o programa social em si”.
O especialista explica ainda que a finalidade do auxílio não deve ser esquecida e precisa ser usada da maneira correta para evitar o endividamento dessa parcela da população. “Os cidadãos-beneficiários do programa social devem concentrar o uso dos recursos para atender suas necessidades básicas e essenciais como alimentação, água, energia e transporte. Caso existam dívidas com as empresas concessionárias de serviços de água e energia, o melhor é negociar diretamente com a empresa. O uso dos recursos para outras finalidades pode comprometer sua qualidade de vida, além de não ser uma decisão financeiramente adequada”, indica Clenilson Cruz.
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