
O leite longa vida é considerado o vilão da inflação de julho com impacto de 25,46% sobre o índice oficial de inflação do Brasil, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). De acordo com os dados divulgados pelo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (9), o preço do leite disparou e foi o responsável pelo maior impacto na inflação, levando o grupo alimentação e bebidas a uma aceleração de 1,30% em julho.
A disparada do leite veio após um avanço de 10,72% no mês anterior (junho). No ano, o produto passou a acumular alta de 77,84% até julho. Em 12 meses, a elevação chegou a 66,46%.
Derivados do leite também tiveram alta para o consumidor em julho. O queijo subiu 5,28% e o requeijão aumentou 4,74%. O leite em pó ficou 5,36% mais caro. A manteiga teve alta de 5,75%. O leite condensado registrou alta ainda maior, de 6,66%.
“Não deu nem pra comemorar a redução no preço da gasolina, já que aqui em casa são duas crianças que ainda tomam leite em pó e dois adultos que consomem leite longa vida. O preço está pesando na conta do supermercado. Dá para perceber que aumentou muito nos últimos meses pela conta que a gente vê no caixa”, diz a dona de casa Ana Maria Melo, de 54 anos.
O movimento de alta do grupo “Alimentação e bebidas” passou de 0,25% em junho para 1,16% neste mês de julho, ou seja, quatro vezes maior que os 0,25% do mês anterior.
Motivos da alta
O gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, atribui a escalada dos preços a dois principais fatores. Ele destaca que no período de entressafra, de março a outubro, há uma redução da oferta de leite no mercado, o que acaba provocando aumento de preços.
O segundo fator que vem impactando a disparada do preço do leite longa vida já perdura desde o início da pandemia: o aumento de custos da produção. Com insumos mais caros, os produtores precisam repassar os custos para o produto final na prateleira do supermercado. O alto preço de insumos vem principalmente de ração animal, fertilizantes, energia elétrica e combustíveis.
“Vamos lembrar que dois grandes exportadores de insumos agrícolas são a Rússia e a Ucrânia, então a exportação foi prejudicada com o advento da guerra no início do ano”, destacou Pedro Kislanov.
Outros alimentos
Outros alimentos como as frutas tiveram alta de 4,40% no mês e acumulam aumento de 35,36% em 12 meses. Por outro lado, tubérculos, raízes e legumes tiveram queda de 15,62% em julho, com destaque para o tomate (-23,68%), a batata-inglesa (-16,62%) e a cenoura (-15,34%). Porém, no acumulado de 12 meses o tomate ficou 7,45% mais caro, a batata-inglesa 66,82% e a cenoura está custando 37,82% a mais do que há um ano. A cebola acumula alta de 75,15% no período.
O IPCA contempla nove grupos de produtos e serviços. Apenas vestuário subiu mais que alimentação e bebidas até julho, registrando alta de 16,67%. Ainda assim, o Brasil registrou deflação de 0,68% em julho de 2022, de acordo com o IBGE, motivada pela queda no preço de combustíveis e energia elétrica.
Leia também:
Preços ao consumidor têm deflação em julho puxados pelos combustíveis; alimentos sobem
Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp ou Telegram.