
Durante a coleta do Censo 2022, foi incluído no questionário uma parte para que adeptos de religiões africanas fazerem a auto declaração religiosa. Essa parte servirá para fazer o mapeamento dos praticantes e com esses dados, buscar garantir mais políticas públicas para essas pessoas, mas o questionário não tem agradado essa parte da população no Piauí.
Para Tiago de Iemanjá, representante da Rede Nacional de Religiões Afro-brasileiras e Saúde (RENAFRO), essa parte do questionário não está fazendo um levantamento real dos praticantes.
“O Censo demográfico esta acontecendo e eles não estão fazendo a pergunta-base, que a gente mais luta no movimento de terreiro, que é a questão da sua religião, nós fizemos campanhas prévias “diga que você é de terreiro, diga que você é de axé”, e hoje quando chegam não tem o questionamento. Perguntamos sempre a quem está fazendo nosso questionário e eles dizem que ela está no outro mais completo, só que nunca aparece esse questionário completo”, comenta.
Nas ruas, os recenseadores levam dois tipos de questionário que precisam ser atualizadas a cada 10 anos com o básico, com 26 questões, e o ampliado, com 77 perguntas. O básico traz perguntas sobre identificação do domicílio, informações sobre moradores, características do domicílio, identificação étnico-racial, registro civil, educação, rendimento do responsável pelo domicílio.
Já o questionário da amostra, além dos blocos contidos no questionário básico, investiga também: trabalho, rendimento, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, pessoas com deficiência, migração interna e internacional, deslocamento para estudo, deslocamento para trabalho e autismo.
De acordo com a RENAFRO, só o município de Parnaíba tem aproximadamente 140 terreiros de religiões com matriz africana, mas nenhum dos integrantes desses locais foi questionado sobre qual seria sua religião através do Censo. O último levantamento, em 2010, apontou que os praticantes no Brasil representam 0,3% da população, mas hoje esse número pode ser bem maior.
O supervisor do IBGE Piauí, Eyder Mendes, diz que o segundo questionário é feito, mas de forma reduzida. “A questão da religião ou culto, não é feito a todos os moradores em todos os domicílios, ela é citada apenas no questionário chamado questionário da amostra, que é um pouco maior e com vários tema a mais como, por exemplo, saúde do morador, deficiência física, autismo, são vários temas que são pesquisados em um pequeno percentual dos domicílios . Em Teresina por exemplo, essa questão da religião vai ser feita em apenas 5% dos domicílios, daí o IBGE por meio de trabalhos estatísticos amplia essas informações dessas amostras para toda a população”, detalha.
Eyder ainda ressalta que, no censo, há duas religiões de matriz africana cadastradas: o candomblé e umbanda, e “uma pessoa que tem uma terceira religião que não seja nenhuma dessas duas, ela poderá solicitar que o recenseador, que faca o registro da sua religião”.
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