4 de julho de 2025

Da Idade Média à internet: teresinenses são adeptos ao tarô para previsões e orientações

Wesley Igor

Publicado em 28/08/2022 11:00

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O tarô caiu no gosto de muitos teresinenses (Foto: Freepik)

Wesley Igor Gomes*
wesleygomes@tvclube.com.br

Na incessante busca por antecipação do que pode vir a acontecer e, também, de quais caminhos seguir, o ser humano encontrou no tarô uma forma de guiar não somente sua forma de agir, como de enxergar e lidar com o mundo e os desafios diários. Baseando-se na leitura de cartas ─ você, certamente, já escutou que “elas não mentem” ─, essa arte divinatória, nos últimos anos, caiu no gosto de muitos piauienses, especialmente os moradores da capital, Teresina.

O tarô é um conjunto de 78 cartas chamadas de arcanos. Cada uma delas apresenta ilustrações de um arquétipo, que traz um significado. A partir da interpretação dessas figuras, é possível dar um aconselhamento, uma resposta mais imediata e objetiva sobre o assunto levantado.

A piauiense Sarah Vasconcelos, desde muito nova, demonstrava curiosidade em relação ao tarô. Em meio a conversas com uma amiga, que já realizava algumas previsões, ela decidiu se aprofundar sobre e, pouco tempo depois, transformar em profissão. Foi daí que surgiu o alter ego Papisa do Tarot.

Sarah Vasconcelos, a Papisa do Tarot (Foto: Arquivo pessoal)

Sarah relembrou, ao Portal ClubeNews, que ficou muito encantada com essa arte, pois ajudava as pessoas a “colocar a cabeça no lugar”. “É muito sobre você se reencontrar com você mesmo e, a partir disso, fazer escolhas pertinentes. Escolhas que sejam favoráveis para a sua vida, assumindo esse controle. Vai te mostrar alguns caminhos, mas a escolha sempre vai ser sua por respeitar muito o livre-arbítrio”, disse Sarah. “É um direcionamento, uma orientação de acordo com o que você está vivenciando no seu presente”.

Bastante relevante na atualidade, tanto cultural como espiritualmente, estudos atuais apontam que o tarô foi criado no século XV, na Itália da Idade Média. No decorrer das épocas, sociedades esotéricas utilizaram as cartas do tarô para difundirem, pouco a pouco, suas doutrinas conforme as próprias interpretações. 

Com o atual advento das redes sociais e aplicativos, o tarô se massificou. É comum, por exemplo, perfis no Twitter, Instagram e YouTube postarem textos e vídeos com previsões, gerando interações com um público bem variado.

Pandemia da Covid-19

Na capital, é sagrado para muitas pessoas, no final do mês, recorrer às cartas para pedir conselhos que serão utilizados no novo ciclo que se inicia. Sarah observou que, durante a pandemia da Covid-19, em 2020, se tornou mais frequente os teresinenses realizando consultas, a incerteza dos dias era uma das grandes preocupações.  

“Foi o ano em que tive uma maior procura pelo tarô. Acho que isso se deu pelos medos em relação à vida profissional, afetiva e o que aquilo (a pandemia) traria. Em relação ao ano de 2021 e esse, 2022, a procura pelo tarô em 2020 foi muito grande, tanto que não somente eu, como outros perfis daqui de Teresina começaram a surgir”.

Preconceito

Por outro lado, a taróloga, que é formada em História, pontuou que profissionais da área, ainda, enfrentam preconceito, sendo chamados, até mesmo, de charlatães. Uma das principais razões que podem explicar o porquê desse cenário são as raízes religiosas, principalmente a católica, que Teresina possui.

“As pessoas acham que você está mexendo com espíritos, porque você está indo contra Deus. Essa é uma visão muito equivocada do trabalho com o tarô. Claro que existem outras ferramentas oraculares que vão, sim, usar de meios espirituais, mas isso está muito ligado a uma religião, e para que você trabalhe com tarô, você não precisa ter nenhum tipo de conexão religiosa. Tarô é estudo”, explicou a Papisa.

Alerta 

“É muito sobre você se reencontrar com você mesmo e, a partir disso, fazer escolhas pertinentes”, destacou Sarah (Foto: Pixabay)

É importante ressaltar que o tarô é uma orientação, não uma regra obrigatória a ser seguida. “Tem pessoas que estão terceirizando as suas decisões e isso é muito preocupante. Tem também aqueles que se viciam em ter orientação das cartas para tudo. O papel do tarólogo é colocar limites no consulente”, alertou a papisa, que continua: “a gente percebe aquele consulente que volta fazendo a mesma pergunta de uma forma diferente  até conseguir a resposta que quer, vão até mesmo em outros profissionais. Isso não ajuda, tem horas que as cartas não vão responder mais”. 

Fascínio

Foi a mãe de Ana Carvalho, comunicadora, quem lhe apresentou esse universo. Ela não lembra, exatamente, a idade que tinha, mas foi ainda pequena que teve acesso a revistinhas que abordavam tarô e, também, astrologia e horóscopo. O fascínio desenvolvido era tamanho, tanto que chegou a colecionar as publicações por anos.

Já na universidade, a comunicadora decidiu se aventurar, de forma mais profunda, no assunto. O espaço possibilitou que Ana conhecesse pessoas que tinham o mesmo interesse que ela que, dessa forma, se sentiu mais confortável para falar sobre. Inclusive, foi nesse período que teve as primeiras consultas.

“Foi, de cara, uma coisa que gostei bastante. Não sei explicar exatamente o porquê, acho que isso é uma questão da qual não consigo entender. Acompanho várias tarólogas, já fiz consultas também e acho que o tarô é muito importante. Ele é uma incrível ferramenta espiritual que te mostra caminhos a seguir, não como uma imposição e sim como uma forma de dizer ‘isso pode acontecer'”, expressou Ana.

*Sob supervisão da jornalista Malu Barreto

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