27 de julho de 2025

Com três nomes femininos no Senado, Piauí nunca elegeu uma mulher pelo voto direto

Jonas Carvalho

Repórter
Publicado em 07/01/2023 20:00

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Eliane Nogueira, Jussara Lima e Regina Sousa (Foto: reprodução/ Redes sociais)

Historicamente, o estado do Piauí nunca elegeu uma mulher ao Senado Federal pelo voto direto. Em 2023, a futura senadora do Piauí, Jussara Lima (PSD-PI), será a terceira mulher a representar o estado no Senado, porém, na condição de suplente. O titular do posto, senador Wellington Dias (PT-PI), pediu licença da Casa para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social, no Governo Lula (PT).

Até hoje, as mulheres que compuseram a bancada piauiense no Senado eram suplentes de chapas encabeças por homens. E, conforme previsto na Constituição Federal, os substitutos de senadores são convocados após o afastamento temporário ou definitivo dos titulares da vaga.

A situação vivida por Jussara Lima é a mesma já presenciada por Regina Sousa (PT), que ocupou uma cadeira no Senado Federal após Wellington Dias renunciar ao cargo para assumir o Governo do Piauí no ano de 2015.

Na linha temporal política do estado, a ex-governadora Regina Sousa (PT-PI) foi a primeira mulher a assumir mandato na Casa, em 2015.

Em julho de 2021, Eliane Nogueira (Progressistas-PI) se tornou a segunda senadora piauiense após ser convocada para substituir o filho – senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) – empossado Ministro da Casa Civil no Governo Jair Bolsonaro (PL). Ciro retornou ao Congresso em dezembro de 2022 ao ser exonerado do Ministério. Com isso, Eliane voltou a ocupar a primeira suplência.

Cultura patriarcal

A mestranda em Ciências Políticas, Nayana de Sousa Castro, em entrevista ao Portal ClubeNews, explicou que a violência política de gênero sofrida pelas mulheres ao longo da história democrática impede a maior representatividade feminina nas esferas da política brasileira.

Embora o resultado das eleições de 2022 tenha apresentado crescimento no número de mulheres no Congresso Nacional, Castro acrescentou que “é necessária uma representatividade além da descritiva, mas subjetiva, mulheres que representem outras em suas interseccionalidades como fortes indicadores sociais: não é apenas a quantidade de mulheres nos espaços de poder, mas como essas mulheres pensam e trabalham em favor de outras”.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Normas regimentais

Em agosto de 2021, o Governo Federal promulgou a Lei Nº 14.192/21, que estabelece normas para combater a violência política contra a mulher, nos espaços e atividades relacionados ao exercício de seus direitos políticos. O texto considera como violência “toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir, obstaculizar ou restringir os direitos políticos da mulher”.

“Esta lei é um marco legislativo essencial para a manutenção da democracia, pois busca formas de manter candidaturas livres de assédio e, consequentemente, uma maior participação das mulheres nas esferas políticas e espaços de decisão. Porém, não há que se falar mudanças tão assertivas sem que haja uma profunda transformação na cultura política vigente no país”, pontuou Castro.

Trâmites políticos

A condução de Jussara Lima ao Congresso também vai provocar mudanças no cenário político nacional. Atualmente filiada ao PSD, Lima irá se filiar ao Partido dos Trabalhadores. A troca de partido tem a ver com a estratégia do PT em manter o número de senadores filiados à legenda.

A futura parlamentar é esposa do deputado federal Júlio César (PSD-PI) e mãe do deputado estadual Georgiano Neto (MDB). Formada em Sociologia pela Universidade Católica de Pernambuco, ela também já foi vereadora e vice-prefeita do município de Fronteiras.

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