
Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
Geralmente, a necessidade ou a aproximação com a família são os motivos mais comuns para as mulheres abrirem o próprio negócio, mas este não é o caso da Dona Maria José, uma artesã de bonecas de pano que está sempre com uma pequena mesa, na Praça Rio Branco, Centro de Teresina, para vender os artesanatos. A idosa começou a empreender com o intuito de cuidar da própria saúde mental.
O Portal ClubeNews foi até o coração da cidade para conversar com a empreendedora a respeito de sua história de vida e conhecer as bonecas artesanais que encantam crianças e adultos.
MORTE DO ESPOSO E DEPRESSÃO
Dona Maria José é moradora do bairro Angelim, zona Sul da capital. Três vezes por semana, ela pega um ônibus rumo à Praça Rio Branco e monta uma pequena mesa para expor as bonecas. A alegria da vendedora disfarça o sofrimento de quem ficou depressiva ao perder um familiar.
“Meu esposo faleceu há 13 anos e isso me deixou muito triste. Com o passar do tempo, eu ficava cada vez mais depressiva e desanimada. Eu me senti assim por muitos anos”, relatou.
A vida dela começou a mudar a partir de um convite feito por uma amiga, que incentivou a idosa a realizar um curso de bonecas de pano, promovido por uma escola do bairro. Isso era para ser apenas um passatempo, mas, além de aliviar a tristeza, Dona Maria transformou o artesanato de bonecas em sua profissão.
“Eu recebi esse convite e, mesmo desmotivada, eu resolvi aceitar. Eu me apaixonei pelo curso logo no início e perguntei a professora se ela poderia dar aulas particulares, pois eu tenho certa dificuldade para aprender. Aos poucos, fui aprendendo e me aperfeiçoando e hoje estou aqui, ainda fazendo cursos e produzindo várias bonecas diferentes”, afirmou.
A artesã declara que ainda não superou a morte do marido, mas demonstra gratidão por aceitar o convite feito pela amiga e pela profissão que mudou a sua vida.
“Produzir as bonecas de pano levantou o meu ânimo e agradeço muito a Deus pelo meu trabalho, pois não sei o que teria feito da minha vida sem ele. Como já estou idosa e recebo a pensão do meu falecido esposo, meus filhos pedem para eu não me cansar com esse trabalho, só que eu digo que não. Quero me movimentar, quero trabalhar e viver”, declarou.
BUSCAR AJUDA É ESSENCIAL
Com o intuito de saber como atividades artísticas podem combater a depressão, o Portal ClubeNews conversou com o psicólogo Kaio Rodrigues. Segundo ele, a prática dessas ações, aliada à psicoterapia, podem melhorar o quadro depressivo de um paciente.
“A arte vai auxiliar no processo da criatividade e na modelagem do indivíduo, no processo de mostrar ao paciente outras maneiras de enxergar a vida”, disse.
Ou seja, prática do artesanato de bonecas auxiliou Dona Maria José a ressignificar a dor do luto, de modo que ela encontrou um novo sentido para sua existência. Kaio ressalta que esta ferramenta é indispensável, assim como o acompanhamento psicológico.
“O artesanato, assim como outras modalidades, vai auxiliar quem está passando por um processo depressivo a desenvolver sua criatividade e ver novas possibilidades. Atividades artísticas e o processo psicoterápico são fundamentais para o indivíduo sair da depressão mais saudável e ressignificando a dor que ele sente”, destacou.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto
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