
Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
Um grupo de mulheres do movimento Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio realizou uma manifestação, na manhã desta segunda-feira (27), em frente ao Ministério Público do Piauí (MPPI), em Teresina. O grupo defende maior celeridade no julgamento dos casos, pois a lentidão nos processo reflete a sensação de impunidade aos agressores.
Elas reivindicam uma audiência com o procurador-geral, Cleandro Alves de Moura, a fim de discutir a impunidade nos casos de feminicídio no estado, assim como propor medidas para coibir este crime. No Piauí, somente no ano de 2022, 23 mulheres morreram vítimas.
O protesto ocorreu em alusão ao Levante Nacional Contra o Feminicídio, documento completa um ano de publicação nesta segunda-feira (27). A representante do movimento popular, Ana Célia Sousa, ressalta que esta manifestação acontece em todo o Brasil, devido aos 1400 assassinatos de mulheres em 2022.
Conforme a ativista, o grupo foi ao Ministério Público protocolar o novo levantamento sobre o feminicídio no Piauí. O propósito de debater o tema com o procurador-geral não foi alcançado, mas as manifestantes conseguiram agendar uma audiência para o próximo dia 14 de abril.
“Dois anos atrás, nós também protocolamos o documento e a reunião nunca foi agendada. Hoje, viemos reiterar o pedido e conseguimos marcar a audiência, que vai acontecer mesmo sem a presença do procurador-geral”, disse.
COMBATE À IMPUNIDADE
Ana Célia destacou a quantidade de casos não-julgados de violência contra a mulher no Piauí, que gera preocupação na Frente Popular de Mulheres Contra o Feminicídio. Ela afirma que a falta de celeridade para julgar os casos promove a impunidade e a prática do crime.
“A impunidade estimula o feminicídio na sociedade, porque os autores sabem que não serão julgados ou que vão receber uma pena muito pequena. Precisamos de uma atitude imediata do Estado contra o feminicídio”, declarou.
Uma das propostas é exigir, do Ministério Público Estadual, a fiscalização da rede de enfrentamento à violência contra a mulher, como delegacias especializadas nestes crimes.
O QUE DIZ O DOCUMENTO
O Levante Feminista Contra o Feminicídio no Piauí, protocolado pelas manifestantes, ressalta os números elevados de violência contra a mulher no estado e em todo o país, além de destacar a inércia do poder público quanto ao enfrentamento deste crime.
O grupo relembrou caso da estudante de Jornalismo, Janaína Bezerra, estuprada e morta em uma sala da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em janeiro deste ano. Segundo o movimento, este caso demonstra não haver mais lugar seguro para as mulheres.
“A incidência da violência doméstica, com lesão corporal, estupros, violência patrimonial, moral, sexual, prisão dentro do lar, feminicídios, assim como a violência institucional demonstram não haver lugar seguro nem acolhimento efetivo para mulheres e meninas”, diz um trecho do documento.
O QUE É O FEMINICÍDIO?
Marcado pela desigualdade de gênero, o assassinato de mulheres recebeu uma designação própria: feminicídio. No Piauí, somente no ano de 2022, 23 mulheres morreram vítimas desse crime.
Nathalia Figueiredo, titular da Delegacia Especialidade de Feminicídio, localizada no bairro São Pedro, zona Sul de Teresina, esclarece que o crime é “a morte da mulher em decorrência de violência doméstica, familiar ou discriminação pelo fato de ser mulher”.
Dados da Secretária Estadual de Segurança | 2020 | 2021 | 2022 |
Feminicídios no Piauí |
31 | 37 | 23 |
Feminicídios no Interior |
25 | 26 | 19 |
Feminicídios em Teresina | 6 | 11 | 4 |
*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
LEIA MAIS:
SOS Mulher: conheça os sinais que indicam violência contra a mulher
SOS Mulher: rede de apoio e onde denunciar casos de violência contra a mulher no Piauí
SOS Mulher: a violência psicológica e as constantes ameaças em uma relação abusiva
SOS Mulher: ativista que apanhou por “cor de esmalte” ajuda mulheres a romper relações violentas
SOS Mulher: o relato de uma vítima que escapou do feminicídio por duas vezes
Vítima de violência doméstica pede ajuda após assistir SOS Mulher na TV Clube
SOS Mulher: vítima de violência doméstica por 24 anos rompe silêncio, busca ajuda e deixa agressor
SOS Mulher: “não se calem”, diz delegada de Feminicídios sobre denunciar agressor
Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp ou Telegram
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e entre no nosso Canal.
Confira as últimas notícias: clique aqui!