Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
Um documentário gravado em Teresina pelo ativista e comunicador transexual Grax Medina, de 34 anos, originou o projeto “Coletivo 086”, em janeiro de 2020, que garante visibilidade à população trans e combate a transfobia no Piauí.
Residente no país desde 2011, o mexicano naturalizado brasileiro teve a iniciativa ao perceber que esta comunidade, frequentemente, é usada como objeto de estudo para trabalhos acadêmicos descompromissados com a militância pelos direitos LGBTQIAP.
A produção “Transdoc” retratou a vivência de pessoas transexuais na capital piauiense. Cada uma delas teve a oportunidade para contar suas histórias de vida, nas quais a transfobia marca presença. Diante de tantos relatos marcantes, Grax decidiu fazer algo mais para ajudar esta população.
O ativista desenvolveu o projeto com outros três amigos – todos transexuais -, após gravar as seis primeiras entrevistas. A primeira exibição do documentário aconteceu em 29 de janeiro de 2020, dia da visibilidade trans.
“No começo, eu queria criar uma peça publicitária somente com pessoas trans, mas, ao notar o conteúdo das entrevistas, chamei os meus amigos para elaborar algo maior. Eles me ajudaram a preparar o documentário, cuja primeira exibição contou com cerca de 120 pessoas. Oferecemos, também, palestras com uma psicóloga e com a produtora de moda Amanda Pitta, mãe de uma adolescente trans. Foi assim que surgiu o Coletivo 086”, disse.
Conforme Grax, a produção foi exibida em outras duas oportunidades e teve a aprovação do público. Isso motivou o idealizador a continuar o projeto.
VISIBILIDADE TRANS
Enquanto residia no Piauí, Grax Medina foi muito procurado por universitários em busca de escrever trabalhos acadêmicos e relata que pessoas transexuais são, constantemente, usadas como objeto de estudo. Isto gerou indignação no ativista, visto que estas atividades não proporcionavam nenhum benefício à comunidade.
“Muitos acadêmicos nos procuram, pois querem produzir o trabalho de conclusão de curso. Isso é um pouco cansativo, porque, geralmente, estes profissionais não dão seguimento à atividade nem fazem valer nossos direitos como pessoas trans. Somos usados como objetos de estudo e, depois, somos descartados”, declarou.
O ativista é o primeiro homem trans a produzir um documentário sobre pessoas desta comunidade no Piauí. A partir desta iniciativa, ele mostrou que é possível estudar e, simultaneamente, dar visibilidade a esta população.
“Se eu fizesse apenas o documentário, estaria usando essas pessoas apenas como objeto de estudo, assim como muitos universitários. Ao entrevistá-las, percebi ser possível criar algo diferente, para ajudar essa população”, pontuou.
Atualmente, Grax Medina reside em Belo Horizonte (MG) e coordena o projeto à distância.
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*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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