Apesar de avanços na legislação trabalhista e dos esforços de algumas empresas, o preconceito de gênero ainda é sentido fortemente pelas mulheres e, sobretudo, pelas mães no mercado de trabalho.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que 24 meses pós-licença maternidade, quase metade das mulheres está fora do mercado de trabalho.
Muitas conseguem manter o ritmo de trabalho durante a gestação e vencer as dificuldades do retorno à empresa após a licença maternidade, mas esbarram em outras dificuldades do dia a dia de quem cuida dos filhos e assume a maior parte (senão todas) as responsabilidades da casa.
O estudo da FGV constatou ainda que 50% das entrevistadas foram desligadas das empresas após a licença-maternidade. A legislação brasileira (Lei nº 14.020/2020) garante às mulheres mães o direito a estabilidade profissional no período de confirmação da gestação até cinco meses após o parto. Ainda assim, muitas mulheres têm esse direito desrespeitado e evitam acionar a empresa na justiça para não sofrer futuras exclusões profissionais.
Gravidez e trabalho
A velha máxima “gravidez não é doença” em muitos casos não se aplica às mulheres que sofrem com enjoos e outros males típicos da gravidez. Para algumas mães é mais difícil cumprir à risca a carga-horária de trabalho, sobretudo quando são submetidas a condições desgastantes até para um funcionário comum como calor extremo, esforço físico, muitas horas em pé ou sentada, entre outras situações.
Falta empatia por parte dos líderes e até mesmo de outras mulheres que não se colocam no lugar daquela funcionária grávida. Em certos casos é importante lembrar aos chefes homens que, um dia, nasceram de uma mãe que também pode ter passado por situações semelhantes e não foram acolhidas no ambiente de trabalho.
Desafio pós-licença
Voltar ao ambiente empresarial após o parto e os primeiros meses cuidando da cria não é tarefa menos difícil que a gravidez para as mulheres mães. As dúvidas sobre o futuro da carreira e a separação do bebê são encaradas por muitas mães como um motivo para desistir do voo profissional.
Mais uma vez, falta empatia de empresas e colegas de trabalho no acolhimento dessas mulheres. Na maioria das funções, elas não têm respeitado o direito de redução de uma hora na jornada de trabalho nos casos em que a criança está em amamentação exclusiva.
E os desafios não param por aí. Cada vez que uma mulher precisa deixar o filho doente em casa para ir trabalhar, ela sofre mais uma vez com o dilema de escolher entre a carreira e a maternidade.
Antes de tudo
Para quem ainda não está empregada, o preconceito também existe. Um estudo do portal Vagas.com mostrou que 70% das mulheres entrevistadas para uma oportunidade já foram questionadas se eram mães ou se tinham planos para ser. Essa pergunta é considerada preconceituosa e, geralmente, vem interligada com outras como “quem ficará com a criança em caso de doenças?”.
Licença para a vida
No Brasil, um projeto de lei em tramitação no Congresso Nacional pretende aumentar de 120 para 180 dias a licença-maternidade. Lembrando que os seis meses de alimentação exclusiva por leite materno é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em Brasília, a proposta está em tramitação desde o ano de 2018 e sem perspectiva de ser votado, aprovado ou entrar em vigor.
Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), nove dos dez países onde a licença é maior são europeus. No topo do ranking mundial de licença-maternidade mais longa aparece a Bulgária. Por lá, as mulheres ficam afastadas do trabalho por quase 59 semanas. Em alguns desses países apenas parte da licença é remunerada totalmente, mas não deixa de ser um reconhecimento da importância da dedicação das mães aos primeiros meses de vida dos filhos.
Confira a lista de 20 países com licença-maternidade mais longa:
- Bulgária – 59 semanas
2.Reino Unido – 52 semanas (o que corresponde a 1 ano)
3. Grécia – 43 semanas
4. Irlanda – 42 semanas
5. Eslováquia – 34 semanas
6. República Checa – 28 semanas
7. Israel – 26 semanas
8. Hungria – 24 semanas
9. Itália – 21,7 semanas
10. Estônia e Polônia – 20 semanas
11. Suécia – 19,9 semanas
12. Chile, Dinamarca, Nova Zelândia e Lituânia – 18 semanas
13. Finlândia – 17,5 semanas
14. Brasil – 17,4 semanas
15. Costa Rica – 17,3 semanas
16. Canadá – 17 semanas
17. Áustria, França, Letônia, Luxemburgo, Holanda, Espanha, Suíça, Turquia – 16 semanas
18. Bélgica e Eslovênia – 15 semanas
19. Alemanha e Japão – 14 semanas
20. Islândia e Noruega – 13 semanas
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