
Emanuel Pereira*
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A artesã Cleide Silva era uma criança bastante arteira. Inspirada no trabalho da própria mãe, ela arrancava mangas de camisas para criar bonecos de pano para brincar.
A menina cresceu, virou professora e também trabalhou como auxiliar administrativo, mas nenhuma destas profissões permitiu sua criatividade aflorar. Por isso, ela, ao relembrar a felicidade motivada pelos brinquedos, decidiu retomar a produção como fonte de renda, a fim de comprovar que boneca de pano também é brincadeira de adulto.
Cleide iniciou este trabalho há doze anos em Teresina e logo conquistou muitos clientes nas redes sociais. Em 2013, durante um curso profissionalizante, ela recebeu sua primeira encomenda de um boneco inspirado em um famoso estilista.
A partir de então, a empreendedora percebeu que poderia conquistar o público adulto, incluindo os homens. Dessa forma, ela rompe o estereótipo de que somente mulheres podem adquirir o artefato, além de despertar memórias afetivas da infância dos compradores.
“Um professor encomendou um boneco para decorar o cantinho de leitura dele. Eu fiz, divulguei nas redes sociais e todos gostaram muito. Quando se fala em boneco, as pessoas só imaginam infantil, mas eu mostro que adultos também podem brincar, até mesmo os homens. É gratificante saber que um boneco possa fazer uma pessoa adulta feliz”, disse.
Com tecido, agulha e muito talento, Cleide eterniza ícones da música, como a banda inglesa The Beatles, e do esporte, como o jogador argentino Lionel Messi, Tamanha criatividade rendeu a ela o prêmio Mérito Cultural, em 2022, que consagrou sua longa trajetória dedicada ao artesanato.
TRABALHO APÓS A COVID-19
A empreendedora foi infectada pela covid-19 no início da pandemia. A doença deixou sequelas e Cleide precisou adaptar sua produção.
Mesmo assim, ela continua firme em seu propósito de alegrar o público adulto com seus bonecos de pano.
“Tenho glaucoma e a covid-19 afetou ainda mais a minha visão. Estou preparando novos modelos de rosto para os bonecos. Assim, posso continuar trabalhando”, pontuou.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto