
O filhote de peixe-boi resgatado na praia do Atalaia, em Luís Correia, a 345 km de Teresina, foi encaminhado na manhã deste domingo (18) ao Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA), gerido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Itamaracá, no estado do Pernambuco.
A informação foi confirmada pelo promotor de justiça, Yan Walter Carvalho Cavalcante, que apresentou ação junto à Justiça do Piauí solicitando que o Governo do Estado realizasse o transporte aéreo do animal.
No sábado (17), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) confirmou que o filhote seria transportado neste domingo, cumprindo a determinação do juiz José Cláudio Diógenes Porto, da Vara Única da Comarca de Luís Correia.
O resgate do peixe-boi nomeado “Marina” ocorreu no dia 9 de junho, próximo à região do quebra-mar em Atalaia, e foi realizado por técnicos da Comissão Ilha Ativa e da Área de Proteção Ambiental (APA) do Delta do Parnaíba. Segundo comunitários, o animal já havia sido avistado desde o dia 3 de junho na região da praia do Arrombado, sem a presença da mãe.
No momento da operação, o filhote apresentava sinais de cansaço e estresse e foi levado para a Base do Projeto Peixe-Boi do ICMBio, em Cajueiro da Praia, a 59 km de Luís Correia, para ser estabilizado e transportado. Marina mede 122 cm de comprimento e ainda apresenta resquícios de cordão umbilical, o que comprova que possui poucos dias de vida, conforme a Comissão Ilha Ativa.
Motivo
Por meio de nota, a Comissão Ilha Ativa reforçou a necessidade de criação de um centro especializado para a reabilitação de animais marinhos. A média de tempo para a recuperação e readaptação dos animais no habitat natural, segundo a comissão, pode chegar a cinco anos.
“O processo de estabilização tem um período de dois a cinco anos. Por não mantermos o animal em reabilitação, esta estabilização pode regredir e causar óbito em poucos dias. Destacamos assim que, por ser uma espécie ameaçada de extinção, a recuperação de todo o indivíduo para posterior soltura no ambiente é fundamental”, disse.
Cuidados
Até chegar o momento do transporte do peixe-boi a outro estado, Marina foi alimentada com leite de soja, hidratada com água de coco e respondeu bem ao protocolo estabelecido para a estabilização. No entanto, a Comissão ressaltou que houve risco de morte.
“O filhote precisa de cuidados especializados para regular seu sistema digestivo e consiga evoluir no que se refere ao desenvolvimento natural. O CMA possui técnicos, veterinários, medicamentos, alimentos, recintos e equipamentos necessários para contribuir com a sobrevivência do filhote”, afirmou.
“É importante apresentar que o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus manatus) é uma das espécies mais ameaçadas de extinção do Brasil, estando na categoria de ‘em ameaça de extinção’, de acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2022). As atividades antrópicas que impactam o habitat do peixe-boi são hoje as principais ameaças para a conservação da espécie resultam entre outras coisas, no encalhe de filhotes”.
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