Piauiense recebe patente dos EUA após inventar cama terapêutica por imersão

O título condecora mais de 11 anos de pesquisa, com investimento estimado em R$ 1,8 milhão

Médico piauiense, José Napoleão (Foto: Jonas Carvalho/ Portal ClubeNews)

Jonas Carvalho
jonascarvalho@tvclube.com.br

O projeto pioneiro do médico piauiense José Napoleão, inventor de uma cama terapêutica por imersão, foi patenteado pelo Governo dos Estados Unidos (EUA), em março deste ano. O título condecora mais de 11 anos de pesquisa, com investimento estimado em R$ 1,8 milhão.

Os estudos iniciaram após um paciente, em recuperação de uma cirurgia para remover um aneurisma na aorta abdominal, apresentar inchaço e retenção de grande quantidade de líquido. As medicações utilizadas para a estabilização do paciente foram ineficazes.

Em entrevista ao Portal ClubeNews, o médico José Napoleão explicou que a solução para o tratamento foi inspirada na medicina grega antiga. Naquela época, pessoas com acúmulo de líquido no corpo eram posicionadas dentro de tonéis com água.

“Colocavam o paciente com a água até os ombros e muitos pacientes melhoravam porque a água comprimia o corpo, o líquido que estava sob a pele voltava para dentro do sangue e saía pela urina. Mas os pacientes com insuficiência renal faleciam. O líquido vinha para dentro do sangue, não tinha para onde sair, inundava o pulmão e o paciente morria. Então, o método caiu em desuso porque muitos paciente melhoravam e outros faleciam”, disse.

Baseado nisso, foi instalado na casa do paciente – em Teresina (PI) – um tanque de fibra de vidro, com um metro de altura e dois metros de comprimento. O paciente imergia no tanque sobre uma manta plástica, por cerca de duas horas, em dois períodos do dia. A manta servia como isolante para impedir o contato direto com a água, evitando possíveis infecções.

“Ele só urinava 300ml por dia. Ele deveria ter um excesso de líquido entre 15 e 20kg. No final das primeiras 24h, ele já completou uma urina de seis litros. Melhorou a circulação. O coração conseguia jogar muito mais sangue para frente. Vai melhorando a oxigenação dos tecidos, a pressão, o sangue melhora a circulação cerebral, no fígado também. O fato é que com cinco dias ele estava seco”, lembrou o médico.

Tanque de fibra de vidro utilizado no primeiro experimento (Foto: divulgação)

Medicina aprimorada

A principal intenção do médico José Napoleão é a implantação do dispositivo nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de hospitais. Para isso, o primeiro protótipo da cama terapêutica precisou sofrer alterações tecnológicas em adequação à dinâmica das unidades hospitalares e vai passar por avaliação científica para a comprovação da eficácia clínica.

O projeto esbarra no alto custo de fabricação, avaliado em cerca de R$ 500 mil por cada unidade. De acordo com o médico, o financiamento estatal da invenção para produção em escala industrial perpassa por etapas burocráticas.

“Eu andei em todos os órgãos, mas como era uma coisa muito nova, ninguém queria colocar o dedo para dar uma ajuda qualquer. Você tem que ter muita convicção no que faz para poder tocar para frente, porque você não tem apoio dos órgãos institucionais. A política no Brasil com relação a inovações é feita por burocratas que não estão no dia a dia sobre o que é uma invenção”, pontuou.

Protótipo aprimorado da cama terapêutica (Foto: divulgação)

Trabalho reconhecido

A experiência exitosa foi reconhecida pelo Governo dos Estados Unidos. A patente cedida pelo país norte-americano é a primeira a um projeto piauiense.

“A patente é uma documentação de um direito que esse órgão dá ao inventor para que ele disponha de fabricar ou permitir que determinada empresa possa fabricar com exclusividade durante 20 anos. Durante esse período, só eu posso produzir ou quem eu designar. A patente prova que em nenhum outro lugar do mundo existe um equipamento igual a esse”, concluiu José Napoleão.

Sendo financiado no Brasil, estima-se que os índices de mortalidade possam ser reduzidos em até 40% e 108 mil vidas sejam salvas anualmente. Além disso, os dias de internação em UTI seriam reduzidos em quatro dias, provocando uma economia de R$ 7,8 bilhões anuais aos cofres públicos do país.

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