Esse mês de junho é conhecido internacionalmente como o Mês do Orgulho LGBT+. Apesar da população LGBTQIAPN+ ter conquistado seu espaço ao longo dos anos, a luta contra estigma, discriminação e preconceito continua presente na sociedade.
Uma pesquisa desenvolvida pelo Hospital das Clínicas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, revela que 52% dos paciente LGBT+ possuem algum transtorno mental. As causas seriam o preconceito, a falta de inclusão e, principalmente, aceitação pela família e sociedade.
A pergunta “o que faria se seu filho fosse gay?” foi feita para adultos de Teresina. Um homem que não prefere se identificar respondeu: “rapaz, hoje em dia, responderia normal. Hoje, pelo mundo que vivemos, as coisas que estão acontecendo, o que eu poderia fazer era dar apoio e aceitar”.
Uma mulher mais velha, que também não quis se identificar, respondeu: “não dá nem para estranhar não, é aceitar. Você tem mais é que aceitar e apoiar, esta é minha concepção”.
O psicólogo Kaio Rodrigues explica que o sofrimento dos rejeitados pela família é maior porque seria esperado que tivesse em casa um porto seguro, um aparo para enfrentar o preconceito que já vem da sociedade.
“Têm pesquisas que mostram que pessoas não acolhidas durante seu processo de entendimento da sua orientação sexual, que não foram acolhidas, foram rechaçadas, foram diminuídas. Percebe-se que na vida adulta, 3% dessa população têm maior propensão ao abuso do uso de álcool ou outras drogas; 6% dessa população pode ter ainda um nível severo de depressão e 8% pode cometer suicídio, porque elas não se encontram ou se percebem como um indivíduo dentro dessa sociedade”, afirma.
Gabriel Ferreira, um ator teresinense, conta que desde os quatro anos já percebia que era diferente, mas por medo da repressão dos pais, reprimia a sexualidade até chegar a adolescência. A mãe dele acabou descobrindo por terceiros. “A mãe, no momento que soube, ela não gostou, não entendia. Mas meu pai foi meu amigo, ele chorou, mas conversou comigo e entendeu. Até hoje meu pai é meu melhor amigo”, lembra.
Apesar do apoio do pai, a rejeição da mãe deixou Gabriel muito abalado. Ele precisou de ajuda profissional para lidar com a situação. “É muito louco porque a gente fica com ansiedade, algum problema psicológico. Sempre tinha medo de conversar não tanto com meu pai, mas com minha mãe sim. Me sentia muito vazio, que não iriam me compreender. A primeira pessoa que tive contato para contar que sou gay foi com uma psicóloga”, destaca.
Kaio Rodrigues recomenda uma mudança no perfil das famílias. Para ele, a família ainda tem uma grande projeção nos filhos. “Eles não são uma extensão da família, não vieram ao mundo para realizar os desejos que os nós pais não tivemos. Ainda temos uma relação muito sobre isso, quando um pai tem um filho, do sexo masculino, existe essa ideia da hétero normatividade de achar que ele vai ser hétero, que vai ter filhos, netos, que vai se formar como o advogado que o pai não foi, um médico, a profissão que o pai não teve. Então, os pais projetam muito assim”, comenta o psicólogo.
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